Heavenly Bodies no Metropolitan de NY


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Heavenly Bodies no Metropolitan de NY

Confira a exposição em cartaz no museu

Cada um é cada um, né gente? Fui educada em escolas de freiras em São Paulo, meus pais iam à missa quase todo domingo e eu era obrigada a ir com eles. Fiz a comunhão, a crisma e um encontro de jovens. Hoje não passo perto de igreja nenhuma, aliás nenhum tipo de templo, a não ser que seja algo turístico quando estou viajando. Vendo o estado atual dos conflitos no mundo realmente só me resta ficar longe de qualquer tipo de religião.

Já não tinha grande entusiasmo de visitar a nova exposição do Costume Institute do Metropolitan de N.York, Heavenly Bodies: Fashion and the Catholic Imagination. O resultado não me surpreendeu.

O show se divide em três espaços e eu conheci apenas dois. Um deles fica nos Cloisters do Met, no Bronx, mas a assessoria do museu me assegurou que não é no “Bronx”. É no Bronx, sempre foi, porém entusiastas da moda podem olhar com desdém o bairro e evitar a ida aos Cloisters. Deixei de ir, não porque os Cloisters ficam no Bronx, mas porque fica longe e desta vez fico apenas 4 dias em N.York, prefiro aproveitar o que está mais perto de onde estou hospedada.

Enfim, voltando ao espetáculo de martírio, culpa e corrupção… Lá no espaço que leva o nome da poderosa editora da Vogue estavam as ancestrais vestimentas papais, as quais eu não poderia fotografar, mas todo mundo estava fotografando. Bem no meio do meu próprio martírio, entre ser obrigada a olhar para essas vestimentas feias e batalhar por um pequeno lugarzinho para conseguir fotografar, uma senhora veio me censurar, aos gritos, pois supostamente eu não podia fotografar. Não  trabalhava no museu, era apenas uma “defensora” das vestimentas papais. Por conta disso vocês não verão esse espaço. Não estão perdendo nada. Clóvis Bornay fez fantasias inspiradas em várias vestimentas papais por anos e o resultado é bem melhor, mais criativo e bem executado. Com certeza o peso era só em quilos e não em culpa.

No espaço onde estão as criações de estilistas, quase todos italianos, a “ambientação” é de luzes bem escuras, de forma que mal se vêem as roupas em exposição. Já os modelos de Dolce & Gabbana estão sobre pedestais que ficam a mais de 2 metros de altura , não se tem uma boa visão das peças.

A exposição tem como moto promover um diálogo entre a moda e a religião, porém o resultado é um emaranhado de roupas no meio das galerias medievais do museu. As criações estão perdidas no meio das obras do Metropolitan, como se fossem almas penadas.

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Como pano de fundo uma música de cemitério executada por Ennio Morricone, embalando criações pouco memoráveis de grandes nomes da alta costura como Christian Lacroix, Gianni Versace, Ricardo Tisci, Yves Saint Laurent e, claro, John Galliano. As melhores peças são deste último, colocado en desgraça anos atrás. Espanhol, Galliano entende de igreja. Até hoje na Espanha se pode assistir gratuitamente verdadeiros espetáculos góticos em frente, ou no interior das milenares igrejas católicas do país.

Enfim, o resultado você vê abaixo. Nem um pouco inspirado. A melhor parte é a loja do Met. Algumas camisetas bonitas, incluindo uma de Pat McGrath, a maquiadora, que desenvolveu uma coleção de maquiagem e camisetas especialmente para a exposição.

Meu conselho: se vier a N.York nos próximos meses, evite o Met. Mas cada um é cada um, né gente?

Galeria de imagens:

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