Leila Diniz ressurge na 45a Mostra de Cinema de São Paulo


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Filme de Ana Maria Magalhães estreia no festival

Um tesouro da história brasileira vai estrear na 45a Mostra Internacional de São Paulo. O filme Já Que Ninguém Me Tira Pra Dançar, de Ana Maria Magalhães, foi realizado em 1982, mas estava inédito. Os originais produzidos na antológica bitola U-Matic são de 1982 e foram restaurados para esta versão que estreia somente agora, quase quarenta anos depois. 

A diretora Ana Maria Magalhães foi amiga de Leila e o filme traz imagens de acervo pessoal e de arquivos públicos de TVs e rádios. Registro de um período de grandes transformações na sociedade brasileira, o filme mostra o papel importantíssimo de Leila Diniz. 

Já Que Ninguém Me Tira Pra Dançar traz ainda depoimentos sobre Leila na opinião de Paulo José, Betty Faria, Domingos de Oliveira, Hugo Carvana, Marieta Severo, Maria Gladys, Nelson Pereira dos Santos e muitos outros. 

A atriz e diretora de cinema Ana Maria Magalhães fala sobre o filme:

“Dez anos após o desaparecimento de Leila fui convidada a dirigir um documentário sobre ela, a minha melhor amiga. Relutei porque não tinha o distanciamento necessário. Por outro lado, tinha consciência da importância de transmitir o legado de Leila, sabia que seus amigos poderiam expor cada uma de suas facetas, e aceitei a missão porque eu conhecia muito bem o seu modo de pensar, agir e se relacionar. E até aqui, este é o único documentário que existe sobre ela.

Os depoimentos foram colhidos quando a lembrança de Leila ainda estava fresca na memória dos diretores de cinema, atores, jornalistas e familiares. Entretanto, assim que iniciamos as filmagens o Centro Cultural Cândido Mendes, que idealizou o projeto para ser exibido na Mostra “Leila Diniz – Dez anos depois”, desistiu de produzi-lo porque o seu plano de investimento não funcionou como esperava. Havia apenas um investidor: a atriz Sonia Braga.

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Mas as filmagens iam bem e eu decidi produzi-lo com meus próprios recursos. A instituição concordou em nos repassar o saldo do valor do investimento que obtivera. Contei com a ajuda de Walter Salles, que emprestou a câmera para o fotógrafo José Guerra – o Guerrinha, e de Marcelo Machado e Fernando Meirelles, que montaram o documentário em sua produtora “Olhar Eletrônico”, em São Paulo. 

O filme mostra o modo de ser e viver dos artistas e das jovens brasileiras nos anos 60, plenos de entusiasmo e ingenuidade. As novas gerações não sabem quem foi Leila, atriz que valorizou a verdade, a liberdade e o amor, porque acreditava que as pessoas podem realizar as suas melhores potencialidades e não as piores. 

O Brasil vive hoje tamanho retrocesso em relação às liberdades femininas, que as mulheres têm saído às ruas das principais cidades para protestar. E não é um revival dos anos 60. Mas a assombrosa perspectiva do fundamentalismo evangélico dos anos 2000, com o apoio de setores do Congresso e de parte da sociedade brasileira.

Leila esteve à frente das mudanças sociais do seu tempo e a preservação de sua memória e divulgação de seu pensamento e ações são fundamentais para a manutenção dos avanços que fizemos graças a ela, uma atriz de cinema”.

Confira o trailer:

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