Beeple apresentou rinha de robôs tecnocratas na abertura da Art Basel Miami


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Michael Winkelmann é o criador do NFT mais caro da história

A Art Basel Miami 2025, o último grande evento de arte do ano, aconteceu no início de dezembro na Florida, estado mais conservador da trumplândia, num momento bastante crítico para o mercado de arte.

Enquanto galerias vem fechando pelo mundo todo e a administração atual dos Estados Unidos vem fazendo de tudo para cortar as verbas federais destinadas aos museus, os leilões de arte mais recentes demonstram que o mercado de arte está começando a se recuperar. 

Nesse clima sombrio a cena que mais marcou o evento em 2025 é a da instalação e performance de Beeple (Michael Winkelmann), artista que lançou o NFT mais caro da história durante a pandemia, em 2021.

Na abertura para convidados Beeple apresentou a instalação Regular Animals na área de arte digital da feira, a Zero 10. A instalação mostra uma “rinha” entre robôs caninos com cabeças hiper-realistas representando os grandes tecnocratas mundiais: Elon Musk, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg e ele próprio, Beeple, ao lado de Andy Warhol e de Picasso robóticos.

Cada robô estava sendo vendido por 100 mil dólares, cada obra em edição dupla, mais uma prova do artista. Todas foram arrematadas, exceto o Jeff Bezos robótico que não foi colocado à venda.

O preço foi bem mais modesto que o NFT vendido num leilão online da Christies em 2021 onde a obra de Beeple, Everydays: The First 5000 Days foi arrematada por 69 milhões de dólares. O comprador, um investidor de crypto moedas de Cingapura, Metakovan, pagou em crypto moeda Ethereum que hoje vale bem mais que em 2021, mas o NFT não se sabe qual seria o valor, o que já é um assunto bem interessante e sua presença no evento é um marco da curadoria.  

Além de oferecer um espetáculo bem humorado para a abertura da Art Basel 2025, Beeple colocou grandes questões que permeiam as artes plásticas na atualidade. Bom lembrar que o artista vende suas obras diretamente aos clientes, ele não é representado por nenhuma galeria, o que é bastante peculiar já que o evento é uma feira sustentada principalmente por galerias que alugam os estandes.

Os robôs Regular Animals são equipados com sistemas que capturam imagens, mapeiam as redondezas e convertem todas as experiências em gravuras e NFTs documentando suas vidas. As criaturas humanóides reinterpretam o mundo à sua volta através de seus sensores gerando dados que podem viver mais tempo que as próprias obras.

Na instalação os robôs estavam alinhados como um grupo sincronizado apresentando com sua performance uma reflexão sobre identidade, autonomia e autoria artística numa era de evolução acelerada da Inteligência Artificial. 

A questão colocada é sobre controle e limites questionados em várias áreas da vida moderna. A instalação se apresenta como um ecossistema de auto-documentação no qual arte, robótica e a blockchain são co-criadores de um recorte do nosso tempo. 

Segundo o artista, a instalação Regular Animals convida as pessoas a considerar o que pode acontecer quando a tecnologia não reflete apenas a humanidade, mas passa também a desenvolver seu próprio ponto de vista, numa percepção mediada pela máquina.

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