Documentário conta a história do quadro atribuído a Leonardo da Vinci leiloado em 2017 por 450 milhões de dólares
Muita polêmica foi levantada em torno do quadro Salvator Mundi. A pintura é atribuída a Leonardo da Vinci, mas há controvérsia em torno da autenticidade da obra.
O evento de arte da Christie’s de novembro de 2017 ficou famoso no mundo todo por ter vendido a obra mais cara até hoje negociada num leilão, 450 milhões de dólares. O processo judicial de um colecionador contra um marchand ficou igualmente viralizado. O documentário O Leonardo Perdido, disponível em streaming no Brasil, fala de toda essa polêmica.
Agora uma série de TV está sendo produzida contando a história do quadro Salvator Mundi. Quem vai fazer o papel da restauradora Dianne Modestini é a atriz Julianne Moore. O seriado está sendo criado por John Requa e Glenn Ficara com quem Julianne trabalhou em Amor a Toda Prova.
A série e o documentário contam a história da pintura que foi encontrada num antiquário em Nova Orleans. O marchand Alexander Parish viu a obra e a comprou por um preço irrisório, 1500 dólares, em 2005. A pintura estava bem danificada e já havia sido restaurada de forma bem rudimentar. Parish e o sócio Robert Simon contrataram a restauradora Dianne Modestini para restaurar a pintura. Modestini se convenceu de que a pintura tinha traços parecidos com a Mona Lisa, principal obra de Leonardo da Vinci que pertence à França e está em exposição permanente no museu do Louvre.
O que se sabe sobre a obra Salvator Mundi é o seguinte: apesar de poucas evidências, o quadro aparentemente foi encomendado por volta do ano 1500 por Louis XII da França para comemorar suas conquistas em Gênova e em Milão. Há apenas especulações sobre a trajetória da obra até 1900 quando foi comprada pelo famoso mercador de tecidos Sir Francis Cooke, por 120 libras. Nessa época a obra foi atribuída a Bernardino Luini, discípulo de Leonardo da Vinci. O vendedor foi Sir Charles Robinson, responsável pelas obras da Rainha Victoria.
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Até 1958 o quadro ficava na mansão da família Cook, a The Doughty House em Londres e então foi vendida através da Sotheby’s para o americano Warren Kuntz de Nova Orleans, por 45 libras. O quadro foi herdado por seu sobrinho de Baton Rouge que morreu em 2005. Foi quando a obra acabou sendo vendida num leilão em Nova Orleans.
Parish e Simon mostraram o quadro a vários experts que concordaram que a parte de baixo da pintura, a parte que estava menos restaurada, parecia ser de autoria de um mestre da pintura. Mas os traços do rosto, restaurados muitas vezes, são horríveis.
Muitos experts até hoje não estão convencidos da autenticidade do quadro. Frank Zöllner, alemão especialista em Leonardo da Vinci, disse em entrevista ao documentário O Leonardo Perdido que as melhores partes do quadro são atribuídas à restauradora Dianne Modestini. Ela rebate: “é lisonjeador, mas um absurdo”.
O quadro finalmente foi vendido ao marchand suíço Yves Bouvier, o qual, por si só, deveria ser tema de um documentário. O comerciante herdou os galpões Natural Le Coutre, empresa especializada em guarda-móveis e que recebe e armazena cargas que contém obras de arte que ficam incógnitas ali, valores que ficam isentos de impostos enquanto estão guardados.
Numa transação de apenas cerca de 24 horas, Yves Bouvier comprou o quadro por 83 milhões de dólares e o vendeu ao cliente russo, o oligarca Dmitry Rybolovlev, por 127.5 milhões de dólares, obtendo um lucro de 44.5 milhões de dólares.
Rybolovlev já havia comprado uma grande coleção de arte de Yves Bouvier, obras que realmente valem muito e são autenticadas. Já o quadro Salvator Mundi tem sua autenticidade muito discutida. O oligarca então resolveu mover uma ação contra Bouvier que acabou sendo resolvida fora do tribunal. Todas as obras do bilionário russo foram vendidas com lucro e o quadro Salvator Mundi foi leiloado pelo maior valor até hoje negociado em um leilão.
Em 2017 a casa de leilões Christie’s o vendeu por 450 milhões de dólares e, até hoje, não se tem confirmação de quem seja o comprador. Há rumores de que seja o príncipe saudita Mohammed bin Salman. Ao príncipe é atribuído também o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, jornalista crítico ao regime saudita, no consulado da Arábia Saudita em Istambul. O saudita considerava o colunista do The Washington Post uma ameaça para Riad.
Em 2019 o museu Louvre montou uma grande exposição de obras de Leonardo da Vinci e o quadro Salvator Mundi deveria ter participado da mostra, mas não foi incluído. Existem boatos não confirmados de que o príncipe saudita queria que a obra fosse colocada na mesma sala de Mona Lisa e o Louvre não permitiu, portanto o quadro não foi emprestado. Mas são boatos.
Como se pode ver a história do quadro Salvator Mundi é realmente muito boa e merece um seriado. Fala de um grande mestre da pintura, o maior da Renascença e fala do mercado obscuro que é o mundo das negociações de obras de arte, tão ou mais obscuro que o mercado de drogas…
Confira o trailer do documentário O Leonardo Perdido, disponível no Brasil para aluguel e compra nas plataformas Google e Apple TV+. Mais abaixo veja o momento em que Salvator Mundi foi vendido na Chrstie’s.