Artista transgênero cria games lo-fi engajando público em questões morais
Durante a pandemia, enquanto clubes e bares pelo mundo afora simplesmente fecharam as portas, o cultuado Berghain de Berlim apostou em outra área, as artes plásticas. Com o fim da pandemia e a volta do clube, as exposições continuam.
O espaço adjacente ao antológico clube que ousou barrar o bilionário Elon Musk, chama-se Halle am Berghain e fica num galpão ao lado da boate. Até 13 de outubro a exposição em cartaz é da artista Danielle Brathwaite-Shirley, cujo trabalho visa discutir questões em torno de sua identidade como transgênero e preta. Ela trabalha predominantemente com animação, som e videogames criando arte que engaja o público e provoca a interação.
São videogames que desafiam a moral dos jogadores, num estilo lo-fi. Participantes entram em ambientes onde são desafiados e precisam fazer escolhas respondendo a questões como “Você imapactaria o destino de si mesmo ou o futuro de seu parceiro?” ou ainda “São alguns corpos inerentemente mais violentos que outros?”. Os games de Danielle invocam questões como transfobia e racismo.
A obra – videogame You Can’t Hide Anything (2024) que está na mostra The Soul Station do Halle am Berghain foi financiada pelo instituição de arte LAS Art Foundation. O game é centrado no futuro, numa era pós revolta contra escravidão globalizada e permite que até 10 jogadores interajam. É uma ambientação dentro de um templo.
As questões em si não são tão importantes. Quero fazer você conversar consigo mesmo. Então, mesmo que você ache que é a pessoa mais liberal do mundo, você perceberá que tem intolerâncias. O jogo é montado de forma que quanto mais você quer olhar a arte, mais você vai falhar. Precisamos discutir e ouvir as opiniões de outras pessoas. Mesmo que seja frustrante, é apenas através da discussão que podemos descobrir de onde vêm as pessoas realmente.
Danielle Brathwaite-Shirley