Seriado documental Harry & Meghan mostra a dinâmica entre realeza e tabloides britânicos


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Série é a mais vista entre os documentários da Netflix

A questão da família real britânica, e em particular do casal Harry e Meghan, eu gostaria de resumir numa pergunta: porque os tabloides e a imprensa mundial falam tanto do casal e se esquecem completamente do príncipe Andrew, envolvido em um escândalo sexual pra lá de escabroso?

O filho preferido da recém falecida Rainha Elizabeth II foi processado recentemente por uma das vítimas do pedófilo e traficante de escravas sexuais Jeffrey Epstein. Virgínia Giuffre alegou ter sido violentada pelo príncipe em várias ocasiões, quando era designada para fazer sexo com ele por Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell. Virgínia era menor de idade quando aconteceram os crimes. 

O processo, que estava correndo na cidade de N.York, foi resolvido em acordo, ou seja, o príncipe Andrew não irá a julgamento. Não é um prato cheio para os tabloides? No entanto, se falou pouquíssimo sobre o escândalo do príncipe Andrew, assunto bem digno de imprensa marrom. Enquanto isso não param de difamar Meghan Markle e até agora ninguém sabe o que foi que essa moça fez para ser tão humilhada. 

A série documental Harry& Meghan, documentário mais visto até hoje na plataforma Netflix, oferece uma luz sobre a minha dúvida. No terceiro episódio da série Harry fala com detalhes sobre um acordo que existe entre a família real e a imprensa. Esse acordo chama-se Rota Real. Um grupo exclusivo de jornais britânicos tem preferência em qualquer notícia sobre a família. Em retribuição estes veículos obviamente se acomodam ao que os assessores de imprensa da realeza pedem a eles. O casal Harry e Meghan saíram do acordo Rota Real em 2020, quando resolveram se desligar das atribuições oficiais da realeza britânica.

Eu já imaginava algo do gênero, não dava para entender como os tabloides não saíram atrás dos piores e mais sórdidos detalhes da vida sexual do príncipe Andrew, como lhes seria peculiar. Minha suspeita é que a família real tenha oferecido Meghan Markle em sacrifício. 

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O seriado é “chapa branca”, ou seja, produzido segundo o próprio ponto de vista dos retratados e tem de ser visto com isso em mente. Não acho que desabone o documentário, principalmente nesta situação, onde os retratados foram tão difamados que é realmente necessário, e justo, que se saiba o ponto de vista deles.

Eu gosto de Meghan e considero o fato de um príncipe ter um matrimônio interracial um marco histórico, principalmente em se tratando da família real britânica, a mais famosa e popular da corte européia. Os requintes de maldade dos tabloides, e dos comentários na internet sobre Meghan, são de embrulhar o estômago. Racismo, misoginia, o ódio em todas as formas. O casal fez muito bem de sair daquele ambiente. Não sei quem poderia sobreviver nesse ninho de cobras. Alguém apresente uma boa mãe de santo para a Duquesa de Sussex! 

Meghan Markle é de um carisma espetacular. Uma mulher culta, tem vários diplomas da universidade Northwestern, considerada uma das melhores dos Estados Unidos. Ela é muito articulada, de uma simpatia radiante que cativa a todos e não é difícil entender porque Harry se apaixonou por ela. 

O que eu mais gostei foi saber mais sobre Meghan, sobre sua família, sobre sua mãe, uma terapeuta que a criou praticamente sozinha. E gostei de saber que Meghan foi uma criança nerd. 

A história de Meghan e Harry é a única que ainda me faz ter algum interesse sobre nobreza. Não entendo porque ainda existem reis e rainhas no mundo, esse poder hereditário que se perpetua num mundo em busca da democracia. 

O príncipe Harry, inspirado em sua mãe, já estava desenvolvendo bons projetos como um que cheguei a noticiar aqui no Bitsmag, de turismo sustentável. O casal pretende continuar essa tradição de endossar causas humanitárias. Acredito que os dois podem conseguir ações memoráveis em prol dessas causas, mostrando que a nobreza mundial pode ser um pouco mais que um punhado de ricaços arrogantes e inúteis. 

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