Área vip do show dos Rolling Stones vibra com rock genuíno de quem inventou o rótulo de rock star


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Área vip do show dos Rolling Stones vibra com rock genuíno de quem inventou o rótulo de rock star

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Foto: Serguei – o vip dos vips

Mick Jagger e sua trupe, os Rolling Stones, fizeram história novamente. Sexagenários, os roqueiros mostraram que são os criadores da franquia. O negócio de rock star quem inventou foram eles mesmos e, Pete Doherty que me perdoe, mas Keith Richards já tomava todas e pegava as mais top, quarenta anos atrás, como se pode ver no filme Stoned, que mostra o início da banda. E Richards continua lá, com aquela cara de sharpei e cigarrinho na boca, além do chapéu que ele já usava nos anos 70, igualzinho ao do líder dos Babyshambles.

E o Jagger? Com corpinho de trinta e carinha de sessenta, tal qual uma lacraia (contribuição do meu filho), se contorceu todo no palco espetacular, que depois, ainda por cima, se deslocou até a plebe, que ficava ali atrás da enorme área vip. Quatro mil vips e mais um milhão e lá vai pedrada de gente “normal” na platéia de um dos maiores shows de todos os tempos. Se é que se pode chamar de "normal" o indivíduo que acampa dois dias na praia sem tomar banho, só pra ver um show…

Esses eventos hiper-mega-ultra-fantásticos, que mobilizam milhares de pessoas, esperam audiência de milhões e promovem áreas discriminatórias, faz tempo que não são do meu interesse. Meu pai dizia: “o melhor da festa é esperar por ela”. É tanta expectativa que chega na hora, por mais que seja tudo perfeito, dá aquela sensação de que faltou alguma coisa. Não se falou em outra coisa no Rio de Janeiro na semana anterior ao show: a passarela dos Rolling Stones, o palco dos Rolling Stones, o credenciamento dos Rolling Stones, a área vip dos Rolling Stones, a grana que gastaram com os Rolling Stones. E, realmente, foi um espetáculo interplanetário, exibido ao vivo para várias partes do mundo, comentado imediatamente na imprensa, em todo o planeta. Na prática: os mesmos caras, as mesmas músicas, os mesmos comentários de sempre: “ai, que energia" ou “puxa, eles ainda tocam” ou ainda, a pérola de Vera Fischer, entrevistada logo após o show: “eles são talentosérrimos”.

Mas não é todo dia que eu tenho o privilégio de ser considerada imprensa que cobre vip. E lá fui eu para aquele que deve ser o maior recorde de área vip de que se tem notícia: 4 mil vips. Relembrando: vip é a silga para very important person – pessoa muito importante. E as especulações em torno do concorridíssimo passe vip para a  área reservada foram as mais loucas. A melhor foi a do cara que foi preso tentando se passar pelo Galvão Bueno para pegar credencial no Porcão. A mais insana foi a de que Alicinha Cavalcanti, a promoter encarregada de convidar os vips para o evento, teria um cofre com seu mailing e que jamais revelaria essa lista, nem sob tortura. O tal cofre ficaria no Copacabana Palace. Nossa, com tanta expectativa, imaginei que a área vip dos Rolling Stones fosse estar abarrotada de gente muito, mas muito importante e interessante. Passei mal de ansiedade a semana toda. E fiquei inclusive imaginando quem poderia estar por lá, além dos indefectíveis Big Brothers e aspirantes a modelo/ator.

Que nada! O que tinha por lá mesmo eram 3 mil e oitocentos funcionários das empresas de celular e operadora, patrocinadores do evento, e uns duzentos vip que são aqueles que a gente tá cansado de conhecer: globais, roqueiros e televisivos em geral, alguns BBB que vingaram e apresentadoras. Todo aquele povo que vive nas revistas Caras e Quem. Os vips mesmo, aqueles vipérrimos, ou seja, a família dos caras, os amigos dos produtores, a imprensa internacional, políticos, atores estrangeiros e bla bla bla, estavam em outra área VIP que ninguém sabia da existência até serem publicados os mapas nos jornais um dia antes do evento.

Longe de mim reclamar da área vip das operadoras e celular. Um espaço agradabilíssimo, super bem servido. O show podia ser visto de qualquer lugar, sem neurose. Obviamente a maioria preferiu se acotovelar em frente ao palco, na esperança de que a lacraia Jagger pisasse na sua mão. Eu fui uma dessas pessoas, logo no começo do show. Fiquei atrás de uma criatura de um metro e noventa e cinco e do Antônio Pitanga que, apesar de não ser muito mais alto que eu, fez tipo e vestia um chapéu enoooooorrrrrmeeeee…. E eu, baixinha, atrás. Fiquei só até Wild Horses e saí em busca de chope, que era farto. No bufê muito pão (pra render?). Não é bem a minha praia, mas estava gostoso. Os garçons e garçonetes faziam performances e foram a coisa mais divertida da área vip, vestidos com roupas/instalações de Gilson Martins.

Foi só mesmo na hora do meu passeio, durante o show, que deu pra ver algum vip, afinal vip que é vip chega na hora do show e sai antes de acabar, não se serve do bufê porque não quer engordar e, bem, não bebe chope. Tanto que na área vip (a outra, a principal…) eles serviam champagne. Tinha bastante vip na hora do show, é verdade, não dá pra desmerecer o mailing da Alicinha que é sem dúvida o melhor e mais variado e ela é, por si só, um personagem. Promoter tem de ser asim, ela própria um entretenimento a parte, sempre rindo, sempre brincando. Mas o grosso dos convidados da área vip foi mesmo de funcionários das empresas patrocinadoras. Nada contra, mas meu conceito de vip é realmente outro.

Para desespero dos patrocinadores algumas celebridades arredias também estavam lá. Malú Mader não usou nem amarrada a tal camisa cheia de marcas. Ela teve a coragem de usar a camisa do lado do avesso, pra ninguém ver as logomarcas. Debora Bloch usou, mas não queria ser fotografada, fazendo cara de saco cheio, como lhe é peculiar. E aí vai minha pergunta: o que esse povo “famoso” vai fazer nesses lugares? Se não querem ser incomodados, porque não ficam em casa vendo o show ao vivo na TV de plasma com som estéreo e outros famosos arredios ao redor? Porque não vão aprender a ser vip com gente como Drew Barrymore, a atriz americana que é hoje uma das maiores estrelas de Hollywood? Sem contar que Drew é neta, bisneta, filha, etc, da realeza do cinema. Durante o Tim Festival, em novembro de 2005, a moça passeou tranqüilamente pelas ruas do Rio de Janeiro, foi amabilíssima com os fotógrafos, se jogou na platéia dos Strokes junto com o povão e ainda entrou na fila pra comprar cerveja. Sem neurose, sempre sorrindo.

Estas celebridades tupiniquim que fazem cara feia pra fotógrafo em evento vip, sinceramente… Deveriam ser riscados do mailing (sorte deles que eu não sou promoter). Daí é melhor mesmo 300 funcionários de empresa de celular felizes do que uma celebridade de cara feia. Ou então o Luiz Fernando Guimarães, que gentilmente posou para todas as fotos que quiseram fazer dele e disse: "afinal, não estou aqui pra isso mesmo?". Logo depois do show Luiz Fernando foi à Fosfobox, de camisa Claro/Motorola e tudo, sem medo de ser feliz. Maria Paula é outra fôfa que está sempre sorrindo. Mas patrocinador "sofre" mesmo. Antes de começar o show dos Rolling Stones, duas cortinas enormes, pretas, foram baixadas sobre os logotipos dos patrocinadores, nas laterais do palco.

Sem problemas assisti ao show ali perto da grua da Globo, minha tática de sempre, na lateral e pertinho do palco. Para que ver de frente mas toda amassada e brigando com os outros? Passaram por ali: Hermano Vianna com o sobrinho, filho do Herbert, Dado Villa Lobos, Fernanda Abreu, Roberto de Carvalho, Preta Gil, Marcelo Serrado, Marcelle Bitar, Gisele Itié, Antônio Pitanga, os Titãs todos, que tocaram antes dos Stones, incluindo o ex-Titã Arnaldo Antunes, Betty Lago, Jorge Espírito Santo, Pepita Rodrigues, a agora cineasta Ana Maria Bahiana, Bruno Barreto e mais aquele povo todo que você vai ver na Caras e não aqui.

No entanto o prêmio Bitsmag de vip mais vip da noite fica para o roqueiro de Saquarema que comeu a Janis Joplin (alguém tinha de fazer isso): Serguei!!!!

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