Livro relata saga de família no comando da Casa Gucci


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Casa Gucci, de Sara Gay Forden, conta ascenção e queda da família no poder da marca e a era das corporações na moda 

Casa Gucci, livro de Sara Gay Forden tem uma segunda edição lançada no Brasil, a primeira é de 2008. O livro faz um relato minucioso, recheado de histórias escabrosas de cobiça e luxo da saga da família Gucci, responsável por uma das marcas mais cultuadas da atualidade.

Em Casa Gucci Forden conta os primórdios da fábrica de malas e acessórios, fundada por Guccio Gucci após o término da primeira guerra mundial e faz um relato da ascenção e queda da família que ficou no comando até o início dos anos 90.

Casa Gucci
, como bem descrito pelo The Economist, é “um livro de negócios que você lê como um romance”. Do esquema super familiar ao glamour dos anos 50 e a abertura de lojas em Roma, Milão e N.York, nos anos 50 e 60, a Gucci virou uma febre entre as celebridades da época. O mocassim Gucci era peça obrigatória no guarda roupa de Frank Sinatra, por exemplo, possuidor de uma coleção com centenas deles.

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No início, três filhos de Guccio Gucci foram responsáveis pela expansão da empresa, dividindo as atividades sem grandes conflitos. Aldo Gucci era o grande executivo que tinha ótimas idéias e muita visão e acabou abrindo frentes para a marca fora da Itáia, estabelecendo-se em N.York. Rodolfo, ex-ator e muito bem relacionado nesse meio, ficou encarregado da primeira loja em Milão. Vasco cuidava da produção em Florença. Guardadas as proporções, já que é uma família tipicamente italiana, o arranjo entre eles funcionava até que seus filhos, a terceira geração Gucci, passou a trabalhar na Casa e se desentender.

Os conflitos passaram de freqüentes a intransponíveis em histórias que vão do tragicômico ao lamentável. Nos anos 80 a marca começou a diluir-se, por um lado por ter licenciado produtos demais, comprometendo a identidade, e por outro pelos conflitos que se transformaram em grandes brigas judiciais.

No final dos anos 80, e início dos 90, Maurizio Gucci, filho único de Rodolfo, tomou para si a empresa em um golpe espetacular que envolveu a entrada de um grupo de investimentos do Oriente Médio, o Investcorp. Porém, a situação financeira precária da empresa precisava de uma mão forte de um executivo mais experiente e menos envolvido emocionalmente com a empresa, além de muitos investmentos.

Foi quando Maurizio Gucci foi deposto e entrou em cena a dobradinha mais festejada da história da moda: o executivo Domenico De Sole e o estilista Tom Ford, que já trabalhavam na Gucci. De Sole e Ford ficaram no comando da Gucci por uma década e ajudaram a definir todo o mercado de produtos de luxo nos anos 90 e 00.

O livro tem um trabalho de jornalismo investigativo muito bom, com uma pesquisa que nos apresenta a história da família de Guccio Gucci e também todo o aspecto de negócio da marca até a faceta corporativa iniciada nos anos 90, conceito chave para se entender os rumos da moda no mundo atual. Arrematado com as impagáveis histórias da família italiana é uma leitura que nos prende da primeira à última página.

Para quem conhece a Gucci de sua retomada nos anos 90, o livro oferece um relato bastante detalhado da história de Tom Ford, um dos maiores estilistas de hoje.

Quanto ao assassinato de Maurizio por sua ex-exposa Patrizia, Casa Gucci relata com detalhes desde o início do relacionamento, que era mal visto pelo pai dele, até o julgamento que mobilizou a Itália e o mundo.

Casa Gucci é imprescindível para quem quer saber sobre os caminhos da moda no século XX e na atualidade e, de brinde, distrai com as histórias dignas de novelão mexicano.

Espero que a segunda edição tenha a tradução em português bem revisada. A primeira edição traduzida em português é uma verdadeira vergonha, com invenção de palavras e inversão de sentido.

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