Josh O’Connor brilha em The Mastermind


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Filme está em cartaz nos cinemas e posteriormente entra na plataforma de streaming MUBI

O mundo está se perguntando como um punhado de ladrões conseguiu recentemente roubar o maior museu do mundo, o Louvre, à luz do dia. Ao mesmo tempo temos nos cinemas a versão de um roubo de arte que não foi tão bem sucedido é uma das melhores opções nas telas. O termo “cosy crime” — a descrição de histórias de detetives reconfortantes e aconchegantes que dominam a mídia atual — carrega conotações diferentes para Kelly Reichardt, diretora de The Mastermind.

Reichardt vem de uma família com laços profundos na aplicação da lei: sua mãe era agente secreta de narcóticos, seu pai detetive de cena de crime e seu padrasto um agente do FBI. Nos fins de semana com seu pai ela costumava ser desafiada com mistérios para resolver. O impacto dessa realidade é evidente em sua filmografia.

Quais são os principais filmes de crime de Kelly Reichardt?

Não é coincidência que muitos dos filmes de Reichardt abordem o tema do crime, frequentemente de forma não convencional:

  • River of Grass (1994): Em sua estreia, dois amantes fogem após acreditarem erroneamente que cometeram um assassinato. Pode ser encontrado no MUBI.
  • Night Moves (2013): Estrelado por Jesse Eisenberg e Dakota Fanning como ecoguerreiros que explodem uma barragem. Entra na plataforma MUBI em 4 de novembro.
  • First Cow (2019): Sua obra-prima de 2019 se apoia no assalto mais discreto imaginável: dois empreendedores do século XIX roubam leite à luz do luar para o seu incipiente negócio de donuts. Pode ser encontrado no MUBI.

Sobre o que é o filme ‘The Mastermind’?

Um roubo mais tradicional pode ser encontrado em The Mastermind, embora a abordagem de Reichardt seja tudo menos convencional. Ambientado em 1970 em Massachusetts e vagamente inspirado por um incidente real, o filme é estrelado por Josh O’Connor como JB Mooney, um pai de família aparentemente tranquilo e comum que rouba quatro pinturas abstratas de uma pequena galeria.

Qual a dinâmica familiar inspirada na vida da diretora?

Em uma alusão à própria criação de Reichardt, os dois filhos pequenos de Mooney o acompanham em suas “missões”. “Uma grande parte da minha infância em Miami envolvia esperar em carros com a minha mãe”, ela recorda. “Eu e minha irmã tínhamos que nos deitar no banco de trás enquanto uma mala era movida de um carro para outro. O que tentei transmitir no filme foi aquela sensação de não ter certeza se o que seus pais estão fazendo é ‘kosher’ (apropriado) e como isso é confuso.”

Por que Josh O’Connor foi escolhido?

O’Connor se encaixou na era de 1970: pálido e magro, ele possui um físico autêntico da década de 70, em contraste com o físico musculoso de muitos de seus contemporâneos. “Josh é um ator fantástico e um ser humano incrível, e ele também não tem um corpo de academia. Isso é difícil de encontrar porque todos os homens querem ser super-heróis agora.”

O que Kelly Reichardt considera ser The Mastermind?

Irônico e meticulosamente observado, The Mastermind não é tanto um thriller de assalto, mas um “filme de desmoronamento”. Um efeito original é alcançado ao adiantar o crime. O assalto é resolvido na primeira meia hora, e o restante do filme narra as consequências agonizantes do plano desastrado de Mooney.

Qual a tensão gerada pela abordagem de Reichardt?

“Quando você tem um enredo, há pegadas a seguir”, explica a diretora. “Quando você está fora disso, e você para o enredo para deixar o público olhar e ver, isso pode trazer a sua própria tensão. Eu gosto de filmar as partes que geralmente são cortadas de outros filmes.”

Carreira e o conceito de “Vender a Alma” (Selling Out)

Após seu primeiro filme Reichardt passou 12 anos sem sucesso, sendo abertamente rejeitada com o argumento de que “não estamos fazendo filmes de mulheres.” Hoje, ela é sinônimo de um cinema irônico, perspicaz e profundo, atraindo os melhores atores da indústria (como Michelle Williams, Kristen Stewart, Lily Gladstone e Laura Dern).

A diretora também leciona cinema há quase 30 anos. Ela relata que seus alunos de hoje “não estão zangados do jeito que costumávamos estar e não tem medo do poder corporativo. “Eles vão trabalhar para empresas de tecnologia, fazem parte dessa empresa. Portanto, eles não estão em conflito com nada.”

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