Novo thriller de Darren Aronofsky vai te pegar de surpresa
Esqueça o drama pesado de A Baleia. O diretor Darren Aronofsky está de volta com uma energia que nos lembra seus trabalhos mais ousados, como Réquiem para um Sonho, mas com muito mais leveza e até mesmo um astro felino, Tonic. O filme da vez é Ladrões: prepare-se para uma montanha-russa de emoções.
O título em inglês é uma gíria de beisebol e isso pode confundir à primeira vista. Mas no filme, caught stealing não se trata simplesmente de roubo literal. A trama segue Hank (Austin Butler), um ex-astro do beisebol que vê sua vida desmoronar.
Elenco de peso e reviravoltas inesperadas
A única luz na vida de Hank é sua namorada, a paramédica Yvonne (Zoë Kravitz), cujas habilidades se mostram cruciais mais de uma vez. Quando Hank aceita fazer um favor para um amigo, ele acaba em uma enrascada com mafiosos russos e a partir daí a adrenalina não para. A história nos apresenta uma galeria de personagens inesquecíveis, incluindo uma dupla de irmãos e sua mãe, que oferece um dos melhores conselhos do filme: “Não mostre os dentes se você não for morder.” Um desses irmãos é interpretado pela estrela pop Bad Bunny.
Regina King faz o papel da policial que, a princípio, está atrás dos gângsters que estão atazanando a vida do hank. Sua intuição aguçada revela camadas profundas do protagonista, em uma dinâmica fascinante.
Uma viagem nostálgica aos anos 90
A ambientação do filme é um show à parte. Situado no final dos anos 90, somos transportados de volta no tempo com detalhes perfeitos: Smash Mouth no rádio, Jerry Springer na TV e aqueles celulares flip fone que nos faziam calcular cada minuto da ligação. As ruas do East Village, a loja de aluguel de vídeos Kim Vídeo e outros locais antológicos dessa área de Manhattan nos anos 90 estão no filme.
Aronofsky nos entrega reviravoltas inesperadas e cenas de ação caóticas. No geral, Ladrões é um espetáculo cinematográfico que, assim como o personagem principal, tem uma “rebatida” incrível.
Darren Aronofsky tem uma carreira pra lá de prolífica e diversificada. No final dos anos 90 realizou o filme Pi e pouco depois veio com Réquiem para um Sonho, dois filmes densos, marcantes e que solidificaram a carreira do diretor estampando sua assinatura autoral. Cisne Negro (2010) foi o grande momento no Oscar quando Natalie Portman recebeu seu prêmio de melhor atriz. O filme, Aronofsky e seu fiel escudeiro, o diretor de fotografia Mathew Libatique foram indicados, mas não levaram a estatueta.
Entre filmes surpreendentes e excêntricos, passando por comerciais de grifes de moda de luxo, curtas inusitados e documentários como a série Sem Limites (Disney Plus), Aronofsky ainda tem energia para produzir conteúdo de realidade virtual e também de inteligência artificial. Ele produziu um dos primeiros filmes de realidade virtual a ser exibido num festival de cinema. Sphreres, projeto de Eliza McNitt, foi exibido em Sundance, Tellurides e SXSW.
Ladrões trás leveza à cinematografia de Darren Aronofsky, sem deixar de reverenciar o fascínio pelo obscuro. Me fez lembrar Depois de Horas, de Martin Scorsese, seja pela aventura urbana pelo submundo de N.York, seja pela escalação do astro do filme de Scorsese, Griffin Dunne que em Ladrões interpreta Paul, um dono de bar, chefe do Hank e que surpreende enfrentando gângsters tal qual um Rambo do East Village.
Matt Smith é um show à parte como Russ, o vizinho punk desenfreado que coloca Hank na rota dos piores bandidos do underground novaiorquino. Pena que ele aparece pouco, seria muito bom se tivessem mais cenas com Russ, um personagem bem engraçado e muito bem executado pelo ator.
Quem rouba a cena é o gatinho Tonic, como Bud The Cat, o gato do Russ que ficou com Hank. Tonic já tem carreira consolidada em Hollywood tendo participado do filme Cemitério Maldito e também de Feriado Sangrento.
Ladrões é diversão garantida, pode apostar – veja o trailer e, mais abaixo, a entrada triunfal no tapete vermelho de Tonic.
Veja a entrada de Tonic no tapete vermelho da pré-estreia do filme em N.York.