Luigi Mangione: suspeito do assassinato de Brian Thompson é preso


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Público reage de forma peculiar à morte do diretor executivo da UnitedHealthcare

Na última semana nos Estados Unidos foi assassinado à queima roupa o diretor executivo de uma das empresas de seguro de saúde mais importantes do país.

Brian Thompson era o CEO (Chief Executive Officer) da UnitedHealthcare, uma das maiores, senão a maior empresa de seguros de saúde dos Estados Unidos. Ele foi assassinado quando entrava no hotel Hilton Midtown, em N.York, onde aconteceria um evento de demonstração de lucros para investidores. 

O suspeito ficou aguardando a chegada de Brian que passou por ali por volta de 6h45min da manhã, ainda escuro nessa época em N.York. 

O atirador mirou de uma certa distância, atirou, depois chegou perto e atirou novamente no homem que já estava no chão. Tudo indica que foi um ataque premeditado. O atirador saiu andando, posteriormente pegou uma bicicleta elétrica a qual foi deixada no meio do Central Park.

Através das inúmeras câmeras de segurança da cidade se soube que ele foi para uma rodoviária mas não se sabe qual ônibus ele pegou. Ele vestia um moletom com gorro e uma máscara que cobria quase todo seu rosto. 

No local do crime foram encontrados os cartuchos das balas. Nesses cartuchos o assassino deixou uma pista do motivo do crime. As palavras “delay, deny e defend” estavam escritas nos cartuchos. Em português essas palavras significam adiar, negar e se defender e definem a política das companhias de seguros que preferem enrolar o segurado a pagar seu tratamento. Essa política consiste em adiar (tratamentos caros, fora da meta da empresa), negar (esses tratamentos) e se defender na justiça, porque sabem que menos de 10% dos pacientes entram com processo contra as seguradoras.

Um outra pista da motivação do crime vem da mochila deixada pelo atirador no Central Park. Ela foi achada e dentro dela foram encontradas cédulas de dinheiro do jogo Monopoly, muito parecido com o jogo Banco Imobiliário mais conhecido aqui no Brasil. 

Foram divulgadas durante os últimos dias as imagens do suspeito num Starbucks perto da cena do crime. Foi divulgado também que essa pessoa havia se hospedado num albergue na noite anterior e se identificou com uma carteira de motorista do estado de Nova Jersey, a qual depois se verificou ser falsa. 

Na segunda feira a polícia de N.York anunciou que foi preso um suspeito na Pensilvânia, estado próximo a N.York. Ele estava numa lanchonete McDonalds e foi denunciado por um dos funcionários que deve ganhar o prêmio de 50 mil dólares oferecido pelo FBI pela denúncia. Em seus pertences foram achados vários documentos falsos, um passaporte e uma arma que pode ser a que foi usada no crime, além de textos falando sobre as mazelas dos seguros de saúde. A arma aparentemente foi criada através de uma impressão 3D.

No momento Luigi Mangione está em custódia da polícia na cidade de Altoona, na Pensilvânia, a princípio sob a acusação de posse ilegal de arma.  

Luigi é formado em computação por uma Universidade Ivy League, a Penn State, Universidade do Estado da Pensilvânia. O que vem a ser Ivy League? É uma liga das faculdades mais respeitadas dos Estados Unidos, como Harvard e Columbia. 

O mais estarrecedor nessa história é que o público não está mostrando simpatia nenhuma pelo falecido e muitos estão relativizando o assassinato. 

E porque isso acontece? Para quem não sabe, nos Estados Unidos não existe sistema de saúde gratuito e universal, como o SUS no Brasil. Lá as pessoas dependem 100% dos seguros de saúde que dominam o meio. 

Se no Brasil nós também vivenciamos os horrores das companhias de seguro de saúde, que fazem de tudo para negar tratamentos caros, imaginem nos Estados Unidos onde o cidadão não tem alternativa? 

Não existe um americano que não conheça alguém que já foi muito prejudicado por um seguro de saúde, ou que seja ele próprio a vítima desse sistema. 

Brian Thompson era o diretor executivo de um dos maiores seguros de saúde americanos e foi responsável por tornar o sistema de aprovação de tratamentos ainda mais complicado. A UnitedHealthcare estava usando inteligência artificial para tomar as decisões de aprovar ou negar tratamentos e consequentemente estava negando muito mais.

No início do ano o DOJ, Departamento de Justiça dos Estados Unidos, entrou com processo antitruste contra a UnitedHealthcare que havia comprado outras empresas formando um conglomerado considerado truste.

Brian Thompson e outros executivos venderam ações da UnitedHealthcare assim que souberam do processo e antes dele ser divulgado para o público, o que significa “insider trading”, ou seja, investimento com informação privilegiada, crime tanto nos Estados Unidos como aqui.

O assassinato de Brian Thompson deve render ainda muita polêmica e desponta como uma das notícias mais comentadas dos próximos meses. A questão da saúde é uma das mais importantes do mundo atual e um dos únicos assuntos que consegue unir as pessoas no ambiente polarizado que nos encontramos.

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