Gigóia: paraíso na Barra infestado de milicianos cariocas


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Arquipélago esconde crescimento desordenado e transporte marítimo sem fiscalização

Foi uma ideia estúpida a de ir jantar na Ilha da Gigóia, na Barra, para comemorar o Dia das Mães com meu filho e um amigo. Para quem não sabe, a Ilha da Gigóia faz parte de um arquipélago de ilhas na Barra da Tijuca, com acesso pela área próxima à estação Jardim Oceânico do metrô. As ilhas são exploradas há décadas pela milícia do Rio de Janeiro. É o próprio retrato do crescimento desordenado, mas agora a coisa alcançou patamares realmente alarmantes.

Em abril de 2024 o SEOP (Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio de Janeiro), juntamente com o GAECO (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), derrubaram dois prédios irregulares enormes construídos pela milícia em uma das minúsculas ilhas.

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Fomos jantar no restaurante Ocya, o qual, diziam, seria muito bom, o que não se confirmou. Para chegar no restaurante pegamos uma canoa motorizada e pagamos 5 reais por pessoa, em dinheiro. Não havia coletes salva-vidas no barco. Fomos transportados de maneira absolutamente perigosa, numa velocidade enorme de noite, à mercê de manobras dignas de filme de ação. São vários barcos fazendo essas travessias, saindo da estação de metrô ou do shopping Barra Point. É evidente que essas embarcações são ilegais.

Na volta, depois de deixarmos um rim na conta do mal servido, mal feito e muito hypado jantar do Ocya, voltamos a bordo de outra canoa em alta velocidade, sem coletes salva-vidas e desgovernada nas mãos de um pião da milícia.

O saldo do dia das mães foi essa linda memória do “passeio” noturno em área dominada por milicianos, depois de beber o jantar… Sim, “beber”, porque o tal de arroz de frutos do mar tinha dois mexilhões, um camarão e litros de um molho horroroso de hortelã de procedência inidentificável.

Foi uma aventura cafona, perigosa e preocupante. Moro no Canal de Marapendi, ali perto, há mais de um quarto de século. Eu e meus vizinhos temos notado essas canoas cruzando o canal, algumas levando animais caçados, como capivaras.

Há vinte anos a comunidade havia se mobilizado pela preservação da fauna local, mas estamos sendo atacados novamente.

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