Foi emocionante! Não me sentia assim desde 1991, quando estive na minha primeira parada, a Love Parade, em Berlim. Mas a emoção aqui foi maior, diferente, até mesmo sofrida. Ver finalmente acontecer, depois de tanto tempo, a primeira parada eletrônica carioca, foi uma experiência indescritível. Tava todo mundo lá, feliz, dançando, nenhum incidente significativo. A animação contagiou inclusive os céticos.
Depois de tantos percalços, várias tentativas de grupos diferentes, o Rio teve sua primeira parada eletrônica, produzida e organizada pelo DJ suiço AJ Crypt, que tem know how das paradas européias. Fazer a parada no centro da cidade foi uma decisão super acertada do Prefeito César Maia e, na minha opinião, muito melhor que a Avenida Atlântica, que ficaria super lotada logo no começo, tornando a parada insuportável.
Às 16h30min os primeiros carros já haviam passado pela “apoteose” da parada, em frente ao palco montado ao lado do Teatro Municipal (impossível não comparar com os desfiles da Sapucaí). Eu e meu fiel escudeiro, Pedro Carneiro, viemos andando pela Rio Branco, em sentido contrário da parada e logo entramos no carro Planet Groove, onde tocava o gaúcho Fabrício Peçanha. O DJ batalhava com os pulos das picapes (comum nas paradas), mas mesmo assim mandou bela seleção de techno. A avenida ainda não estava lotada e o que se via eram pessoas maravilhadas com a animação, ligando para os amigos nos celulares. E o povo foi chegando. Uma hora depois o quadro era outro e a Rio Branco já estava lotada.
Saimos do Planet Groove e fomos andando novamente em direção à concentração. Tinha carro com todo tipo de música eletrônica, incluindo a dance mais comercial. Até mesmo um carro com garotas fazendo coreografia, bem brega, mas tudo é festa… Logo depois mais um carro prá gente subir, o carro do Rex de Paris, onde estava o Ricardinho NS e mais um monte de gente conhecida: o Tom, o Gordirro, o Baractho, o Adriano Goorio, a Bruna. O DJ Kraft, residente do Rex, estava tocando. O som à toda, poderoso. Techno pesado e o povo balançando o caminhão. E o som de vez em quando parava, era engraçado, tinha de explicar pro francês que dalí a pouco o som voltava… Ficamos um pouco alí e saímos para andar mais.
Já pertinho da concentração, na virada da Presidente Vargas, estava o carro do Dama de Ferro, que vinha bem na frente do poderoso Ministry of Sound. O DJ Gustavo MM estava preocupado: o som que o povo dançava no carro do Dama não era o som do Schild, que tocava alí, naquela hora. Era o som do carro de trás, muito mais forte. Mas tudo bem, ninguém queria saber. Na verdade, mais prá frente os carros iam se distanciando e o som não vazava tanto. Acho que o MM ficou mais calmo depois, porque estava todo feliz quando o carro do Dama passou pela apoteose final, em frente aos camarotes. Camarotes aliás com direito à presença de Globeleza, pode? Ela gosta mesmo de um baticum.
Saímos de novo, eu e o Pedro e, já na Presidente Vargas, quase ensurdecemos com o carro da Movement. Poderoso, dando uma dimensão ainda maior à palavra “bombando”. A nata do drum’n bass nacional tocava alí e tinha uma grua, em cima, com duas meninas dançando, dava até medo delas despencarem. Não subimos no carro da Movement, acho que ficamos com medo de ficar surdos…
Voltamos à Rio Branco e resolvemos parar num carro. Voltamos pro carro Rex, com Ricardinho e companhia e alí é que aconteceu a maior sensação da noite: passando pelo Municipal, aquela avenida cheia, ao fundo o monumento dos pracinhas, no Aterro, iluminado… O carro balançando, o DJ francês quase chorando de emoção. Eu, o Tom e o Ricardinho, nós três alí igualmente emocionados… Nossa, foi lindo!
Que venham as próximas! Parabéns AJ Crypt e parabéns Rio!