Coluna Bafo: DJ Serge
(Entrevista publicada em 26/08/2005)
O DJ Serge é uma das novas revelações da musica eletrônica. Este carioca radicado em S.Paulo há um ano, vem se esforçando muito e saindo na frente de muito DJ véio. Pesquisador compulsivo, seus sets têm como característica marcante as novidades. Pode acreditar, ele sempre tem uma música nova , daquelas de bater cabeça na parede e causar reação em cadeia! Para quem não conhece o cara, está aí uma oportunidade de saber um pouco mais a respeito dele e de seus projetos.
Bafo SP: Como tudo começou?
Serge: Sou freqüentador assíduo da noite desde a minha adolescência, em meados dos anos 80, e totalmente apaixonado por música desde sempre. Então meu envolvimento com a cena é bastante antigo. Porém somente como freqüentador, e nunca envolvido diretamente com a indústria da noite em si. Dessa forma acompanhei todo o processo de surgimento, crescimento e consolidação da música eletrônica na cena carioca ao longo dos anos 90, em clubes como Dr. Smith e Factoria e festas lendárias como Valdemente (atual X-Demente) e B.I.T.C.H. (quando acontecia no hoje já extinto Tivoli Park). Como DJ foi há pouco mais de 1 ano, ainda no Rio de Janeiro. Fui convidado pelo Chico Cozeto, na época gerente do Dama de Ferro, a participar como DJ residente de um projeto pessoal dele pro clube. Como nunca tinha tocado na vida tive que aprender, e rápido. Mas o projeto acabou não acontecendo. Logo em seguida surgiu o projeto da SHOUT! em parceria com o amigo LC Ambient. A festa estreou em julho do ano passado, num sábado, no clubinho Fosfobox e logo virou um dos projetos mensais da casa. E eu estreei como DJ juntamente com o projeto. Logo em seguida me mudei pra S.Paulo.
Bafo SP: Fale-nos a respeito do seu projeto Onda Nova
Serge: O Onda Nova é um projeto em parceria com o DJ Marcos Morcerf, e rola todo primeiro sábado do mês no Bar Treze (antigo Pix). O projeto estreou na terça-feira de carnaval no Dama de Ferro, e em março em S.Paulo, porém estava sendo fomentado desde outubro do ano passado. A estréia no RJ foi durante o Carnaval no Dama de Ferro, mas em S.Paulo só conseguimos estrear em março porque resolvemos aguardar a abertura do Bar Treze, que realmente tem a cara da festa. A idéia era fazermos um projeto a princípio pequeno, para que pudéssemos implantar e formatar um público para o tipo de sonoridade que estávamos tocando, que aparecia com muita força na Europa e que ainda estava começando a ser digerida por aqui no ano passado. Era essa sonoridade referencial porém muito híbrida, vinda da fusão de vários gêneros. A elegância e sofisticação do electrohouse; os vocais debochados e divertidos da new wave house; as batidas sintéticas e vibrantes do nu electro; a nu acid house, ainda hipnótica porém mais “curta e grossa”; o frescor, a energia e a vitalidade do rock eletrônico e discopunk. Pouca gente tocava, o público de house torcia o nariz e o de electroclash ainda estava mais preocupado em se montar e dar pinta. Hoje em dia a coisa mudou. O público já incorporou as mudanças e se tornou fiel. O Onda Nova é um sucesso, tem um público cativo bem diversificado e continua atraindo gente nova a cada edição. Tivemos muitos djs convidados, como Márcio Vermelho, Gláucia ++, Bispo, Tingod e Hisato Tanaka. Vamos pra 7ª edição dia 03/09, com o DJ Bezzi como convidado, fazendo um set mais discopunk e rocker. E continuamos sempre em busca de novidades, sonoridades atuais, novos produtores… Para se manter atualizado a respeito do projeto de uma olhada em www.ondanova.zip.net
Bafo SP: Como você define seu som?
Serge: Meu som é quase que totalmente baseado na sonoridade mais sintética, eletrificada e encorpada que hoje, por simplificação, se convencionou chamar de electro. Um som cheio de referências dos anos 80 e 90, mas absolutamente atual. Passeio pelas várias vertentes dessa sonoridade, como electrohouse, new wave house, nu acid house, nu electro, minimal electro, e também pelo rock eletrônico e discopunk. Meus sets costumam ser bem ecléticos, misturo bastante, tento criar vários climas na pista, mas sem perder o foco e a coerência.
Bafo SP: Chart?
Serge:
Jenny Goes Dirty – Amoureux Solitaires – Kill the DJ
Out Hud – It’s for you – !K7
Colder – Wrong Baby (Playgroup rmx) – Output
Missy Elliot – Lose Control (Jacques Lu Cont mix) – Atlantic
Hell – Jack my Body – Cocoon
Bafo SP: Seus 5 djs favoritos ?
Serge: No Rio, Maurício Lopes. Em São Paulo, Marcos Morcerf, Pareto, Oscar Bueno e Marcio Vermelho. Mas tem uma nova safra de DJs, bastante antenados, competentes e profissionais, que ainda vai dar o que falar. Gente nova daqui de São Paulo, de BH, de Curitiba…
Bafo SP: Como foi participar da festa Shout !
Serge: Tenho muito orgulho da Shout!, porque foi minha estréia como DJ, minha primeira residência, meu primeiro projeto. Foi realmente onde tudo começou, onde fui aprendendo a tocar, onde as pessoas começaram a ouvir meu som. E o mais legal é que o projeto era totalmente despretensioso e acabou virando uma festa mensal aos sábados da Fosfobox. Também fizemos uma edição em SP em março passado, na Sala Especial. Em julho passado completou 1 ano de vida, com muito sucesso e fôlego pra continuar. Acabei de me desligar do projeto para me dedicar a outras coisas, porém vou ficar acompanhando meu filhote à distância, torcendo sempre e ajudando quando possível.
Bafo SP: Você é carioca e está em S.Paulo há um ano. Quais as diferenças que você vê entre as duas cenas?
Serge: São cenas bem diferentes. A paulistana é, sem sombra de dúvidas, mais profissional, mais objetiva, mais séria. É uma máquina que funciona muito bem, que emprega muita gente. E é uma vitrine pra cidade, um dos grandes orgulhos. Além disso, o público, no geral, acaba se envolvendo mais, se informando mais. São muito exigentes, conhecem cada estilo, conhecem os djs, conhecem os projetos. Com isso somos obrigados a nos aprimorar, pesquisar, trazer novidades sempre. É muito estimulante. Fora a diversidade absurda de lugares, projetos, sonoridades, pessoas… Já a carioca é bem mais desencanada, mais restrita, porém sempre divertida. O carioca costuma ser sempre muito quente, muito receptivo e muito animado. Tocar no Rio, pra mim, é como tocar na sala de casa. Me sinto sempre muito confortável e feliz. Os amigos sempre comparecem, sempre dão força. É uma delícia!
Bafo SP: Qual a melhor pista na sua opinião ?
Serge: No Rio, Fosfobox. Em S.Paulo, D-Edge e a do Onda Nova no Bar Treze.
Bafo SP: Quem são seus produtores favoritos?
Serge: Vários. Dos que estão se destacando já há um tempo e se mantêm com força posso citar Tiga, Tiefschwarz, Ivan Smagghe, Jacques Lu Cont, Trevor Jackson, Headman, Mandy, Joakim, Hell, Alter Ego, Da Fresh, Kiki, Vitalic… Dos mais recentes: Riton, Glimmers, Chloé, Play Paul, Marc Romboy, Kaos, Mugwump, Dirt Crew… E ainda tem os projetos e as bandas com sonoridade mais rocker, como Whitey, Munk, Coburn, The Killers, Bloc Party, Out Hud, !!!, Radio 4…
Bafo SP: Quais são as suas influências ?
Serge: O rock, o punk e a disco dos anos 70. Tudo dos anos 80: o pop, o technopop, o dark, o gótico, o ebm, a new wave, os new romantics. Dos anos 90: a house music em geral, acid house, acid jazz, garage, trip hop, britpop.
Bafo SP: Quais são seus projetos para o futuro ?
Serge: Continuar firme com o Onda Nova, e tentar levá-lo pra outras cidades. Um projeto já formatado e que vai entrar em fase de negociação pro Rio. Não posso adiantar muito no momento, mas quero muito que aconteça. Também tenho algumas idéias pra SP, mas nada de concreto ainda. Fora isso, continuar me aprimorando sempre, já que a estrada a percorrer é muito, muito longa.
Bafo SP: Como Te contratar ?
Serge: Sou agenciado pela Superbacana DJs.
http://geocities.yahoo.com.br/superbacanadjs
13 8137 99 13