Vibrador existe desde a Era Vitoriana. Novo filme de Maggie Gyllenhaal, conta como ele foi inventado
Vibrador antigo, circa 1900-1915, Science Museum of London
Indicado para curar histeria ele existe desde a Era Vitoriana e foi um dos primeiros aparelhos a serem comercializados em massa
Um dos próximos filmes de Maggie Gyllenhaal e que deve ficar pronto ainda este ano, conta a história do vibrador. Hysteria foi filmado em Londres com elenco quase que totalmente local e figurinhas tarimbadas como Rupert Everett, Hugh Dancy, Jonathan Price, Gemma Jones e Ashley Jensen, entre outros. A descoberta acidental do vibrador aconteceu na Inglaterra na Era Vitoriana. Segundo o roteiro do filme, o Dr. Joseph Mortimer Granville, personagem vivido por Hugh Dancy, criou o instrumento electromecânico em 1880 e em 1902 a invenção foi patenteada. Uma empresa americana a Hamilton Beach, comercializou o aparato que era usado também para tratar pacientes histéricas, daí o nome do filme.
No final do século XIX instrumentos elétricos eram uma raridade. A máquina de costura, o ventilador, a chaleira e a torradeira foram os primeiros aparelhos a serem comercializados em massa. Porém, surpreendentemente, o vibrador, conhecido na época pelo nome de “manipulador”, foi um dos primeiros aparelhos a serem comercializados e chegou às lojas antes do aspirador e do ferro de passar.
Com elementos de comédia e romance o filme mostra como o vibrador era tratado como algo terapêutico, voltado para a medicina e não um aparato sexual. Da época de Hipócrates até a Era Vitoriana, o diagnóstico e o tratamento de problemas femininos como a histeria foram temas constantes da literatura médica.
Teorias do médico grego Galen de Pergamon e do alquimista da Renascença Paracelsus, além de Avicena, médico muçulmando criador da medicina moderna, aconselhavam as mulheres a não se tratar da histeria. Na verdade eles acreditavam que a tarefa deveria ficar a cargo de homens, sejam maridos ou médicos. A doença era diagnosticada em mulheres que apresentassem sintomas como ansiedade, sonolência, irritabilidade, nervosismo, retenção de líquidos, insônia e fantasias eróticas. O nome histeria vem do grego hysteros, que significa útero, já que se acreditava que o problema acontecia com mulheres que tinham seu aparelho reprodutor congestionado ou bloqueado.
A prática da estimulação já vinha acontecendo desde meados do século 17 e antes disso mulheres com ataques de ansiedade eram aconselhadas a fazer uma cavalgada vigorosa, ou se balançar num balanço. Médicos vitorianos ofereciam tratamentos nos quais as pacientes eram estimuladas até atingir o “ápice da histeria” ou aquilo que hoje chamamos de orgasmo. Máquinas rudimentares foram criadas para ajudar os médicos que se sentiam inadequados para fazê-lo manualmente.
Não é a primeira vez que a história do vibrador inspira uma dramatização. Em 2010 uma produção da Broadway chamada In The Next Room, de Sarah Ruhl, foi indicada a três prêmios Tony, o Oscar do teatro americano.
O Science Museum de Londres tem uma coleção de mais de 40 vibradores antigos. Em 1909 a revista Good Housekeeping publicou uma matéria com testes com vibradores e em 1918 a Sears vendeu um vibrador que funcionava acoplado a um motor que era utilizado também como máquina de costura, entre outras utilidades. Em 1922 o vibrador passou a ser promovido como “companhias prazerosas”.
Como se pode ver o filme Hysteria promete boas doses de surpresa e humor, mas o filme ainda não tem data oficial de lançamento.
Fonte: The Guardian