Documentário narra a história do primeiro travesti a ser eleito para um cargo político no Brasil
Documentário narra a história do primeiro travesti a ser eleito para um cargo político no Brasil
Kátia Tapety é uma senhora de 61 anos, separada do marido e que cuida de seus dois filhos num vilarejo no interior do Piauí. A cidade em que ela vive, Colônia do Piauí, tem cerca de 8 mil habitantes e fica a 300 quilômetros de Teresina, a capital do Estado. Vereadora mais votada do município em três eleições consecutivas, Kátia ainda atuou como vice-prefeita de 2004 a 2008. Tudo isso poderia parecer banal caso não fosse Kátia Tapety um travesti, no caso o primeiro travesti a ser eleito para um cargo político no Brasil.
Karla Holanda, também piauiense, iniciou esta semana as gravações do documentário De Zé a Kátia. O longa foi um dos vencedores do do Prêmio Petrobrás Cultural e é um dos únicos projetos brasileiros que foram escolhidos no Fórum de Produção Documental de Buenos Aires, em 2009.
Colônia do Piauí fica no meio do sertão piauiense e é uma das cidades mais católicas e conservadoras do estado. Com esse pano de fundo, numa cidade com população extremamente religiosa e conservadora, a trajetória de Kátia é ainda mais surpreendente. Filha de um comerciante influente da cidade, Kátia Tapety, nascida José Nogueira Tapety Sobrinho, há 61 anos, foi a vergonha do pai até os 18 anos, quando ele morreu. Nessa ocasião José se assumiu como Kátia e logo se iniciou na política. Ao contrário do que se poderia imaginar, o travesti Kátia é muito respeitado na cidade onde exerce cargo público desde cedo.
A surpreendente trajetória de Kátia Tapety e a inacreditável reação condescendente e amistosa da sociedade em que ela vive, na maioria das vezes taxada de ignorante e atrasada, mostra que os padrões e clichês estão cada vez mais superados.