Otto Stupakoff, personalidade fundamental da fotografia moderna brasileira, morreu ontem (22/04), aos 74 anos incompletos, em São Paulo. Celebrado como o primeiro profissional brasileiro a registrar a área de moda, o artista tinha seu talento reconhecido internacionalmente – colaborou com as revistas Harper’s Bazaar, Vogue, Elle, Marie Claire, Life e Cosmopolitan. Stupakoff também se dedicou a registrar políticos, personalidades artísticas, viagens e retratos familiares. Por suas lentes passaram o dramaturgo Tom Stoppard , o escritor Truman Capote, a atriz Grace Kelly, o ator Jack Nicholson e o presidente norte-americano Richard Nixon com sua filha Julie, mas não só: também lançava sua atenção a anônimos de Salvador, Nova York, Santos, Saigon.
Um conjunto expressivo de seu olhar diversificado está reunido no livro Otto Stupakoff (Cosac Naify, 2006), organizado pelo crítico Rubens Fernandes Junior, para quem um dos méritos do artista foi construir visualidades que perturbam nossas referências de tempo e espaço. Segundo ele, “Otto era um dos poucos que trabalhavam com a fotografia de modo a ultrapassar os limites do próprio enquadramento”. Para o amigo, ao deparar-se com a obra de Otto Stupakoff, pode-se entender porque a fotografia é um “privilegiado instrumento de observação da natureza humana”, afirma em ensaio da edição.
Na realização do livro, em conversa com o editor da Cosac Naify, Augusto Massi, o jornalista Alvaro Machado e Rubens Fernandes Junior, Otto relembrou o início da carreira, depois de tomar a decisão de abandonar sua primeira vocação, a de cineasta. Em 1951, chegou a realizar um curta-metragem intitulado Missão.
O fotógrafo passou mais de quatro décadas andando pelo mundo. Nascido em São Paulo, em 28 de junho de 1935, mudou-se para Porto Alegre aos dez anos.
Em 1965 foi para Nova York para depois viver em Paris, retornando mais tarde aos Estados Unidos, onde permaneceu até retornar ao Brasil, em 2005. Sua volta foi marcada por um momento de auge criativo, com colaborações para muitas revistas nacionais. Foi um dos primeiros brasileiros a integrar o acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York, MoMA.
De fevereiro a abril deste ano, o Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro expôs 65 de suas imagens. A mostra Fotografias marcou a comemoração dos cinquenta anos de carreira de Otto Stupakoff.
Amigo próximo dos fotógrafos Bob Wolfenson e Fernando Laszlo e do jornalista Hélio Hara, Otto deixou fotos inéditas de figuras femininas para a realização de um livro pela editora Cosac Naify.