Ceará é a China brasileira? Cearenses produzem calça Diesel?


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diesel052306_3“Olê mulé rendeira, olê mulé renda, tú me ensina a fazer renda e eu te ensino a namorar” – já dizia Luiz Gonzaga, o pioneiro do forró nordestino. Mas as rendeiras cearenses estão mesmo é aprendendo a fazer jeans da Diesel, e roupas de Donna Karan e Chlöe. A informação vem da ótima matéria realizada pelo jornal Folha de S.Paulo, publicada dia 13 de novembro. A mão de obra barata (e qualificada, toda mulher cearense sabe costurar e mais, fazer renda) e a proximidade do Hemisfério Norte, podem tornar o Ceará a China brasileira.

Cidades como Maracanaú (18 km de Fortaleza) e Horizonte (40 km) podem se tornar o “milagre cearense”. Em Horizonte fica a fábrica de sapatos Vulcabras que produz tênis das marcas Reebok e Keds, voltados para os mercados nacional e internacional. A confecção que produz a Diesel no Ceará é a SN Confecções, em Horizonte, e atua no negócio de super grifes internacionais desde 1998. Já produziu jeans para a norte-americana Abercrombie & Fitch e é homologada pela Levi’s. São cerca de 450 operários trabalhando no tradicional calor cearense produzindo calças que vão levar as idolatradas etiquetas da marca jeans italiana Diesel, vendidas à luxuosa grife por  12 dólares e revendidas em lojas espalhadas pelo mundo por até 600 dólares. O tecido vem do sul,  a sarja tipo “strand”, de Santa Catarina e a mão de obra é nordestina, porém a etiqueta é italiana e cultuada no mundo todo, ou seja: pra comprar uma calça jeans Diesel no Brasil o incauto vai desembolsar entre 700 e 1200 reais. Bom lembrar que a loja da Diesel que mais fatura no mundo fica também no Brasil: é a loja do Shopping Iguatemi, mas para chegar à Av. Faria Lima na capital paulista a calça feita no Ceará primeiro vai para o exterior e depois volta para o Brasil. Vem mais coisa por aí: Giorgio Armani e Calvin Klein já estão planejando produção no Ceará. Enquanto isso o estado fatura numa política implantada nos anos 90 pelo governo Tasso Jereissati, de interiorização da industrialização. Horizonte é um pólo industrial com 35 empresas que fabricam de granito a calçados e hoje ocupa o sétimo lugar em arrecadação de ICMS no Estado do Ceará, sendo 90% industrial. O professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas) Evaldo Alves acredita no Ceará como China brasileira e declarou à Folha de S.Paulo:  “Nós temos coisas que eles (os chineses) não têm: qualidade e sensibilidade”. Amen!!!

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