Desgraça impera nos filmes indicados ao Oscar (com exceção de Juno)


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Bem, agora com o fim da greve dos roteiristas americanos, é certa a festa do Oscar dia 24 de fevereiro. Portanto, pra quem gosta de acompanhar a festa já comparando seu gosto ao dos integrantes da Academia, o negócio é ver os indicados ao prêmio maior: o de melhor filme.

Quase todos estão em cartaz: Desejo e Reparação, Conduta de Risco, Onde Os Fracos Não Têm Vez e Juno (em pré estréia). Sangue Negro  estréia esta sexta e eu ainda não vi. Confesso que, apesar de reconhecer que é um grande ator, não simpatizo com o Daniel Day Lewis. Adoro o Paul Thomas Anderson, diretor do filme, mas já sei que o filme também fala de desgraça – veremos.

Destes todos recomendo que deixem Juno para o final. Porque? Porque é o único filme feliz entre os indicados e, portanto, se você ficar muito deprimido por causa da tristeza incomensurável dos temas dos indicados, veja Juno que a alegria volta.

E haja desgraça: em Desejo e Reparação a Keira Knightley, que morre e ressucita direto no Piratas do Caribe, vive uma vida tão breve e infeliz que você sente vontade de cortar os pulsos ali no cinema mesmo. Em Conduta de Risco o belíssimo bon vivant George Clooney é um looser desgraçado com uma vida tão sem sentido que realmente dá vontade de chorar pelo desperdício. Onde os Fracos Não Têm Vez é um desperdício de atores, dinheiro, fotografia e, por último, do dinheiro do espectador e, pior, não sobra ninguém pra contar a história no final, já que todo mundo morre.

Eu amo o Javier Barden e entendo que ele quis mesmo fazer um filme da dupla incensada irmãos Coen, para ter prestígio. Mas o filme é um saco… O Barden poderia ter sido indicado por qualquer coisa na vida, menos por esse papel idiota, num filme idiota que eu só não saí no meio porque não tinha nada melhor pra fazer naquele momento… E o povo fica incensando os diretores por essa tralha chata. O western morreu e não precisa ressucitar nem dentro nem fora das telas. Se nem Clint Eastwood faz mais westerns porque essas malas dos Coen têm que fazer?

E o Sweeney Todd? O filme não é indicado a melhor filme, mas Johnny Depp é indicado a melhor ator e Tim Burton é indicado a melhor direção. Eu achei bem melhor que Onde Os Fracos Não Têm Vez. Mas, ainda assim, é uma tristeza só… Vá de barriga vazia pois você pode vomitar com a sanguinolência do filme que é musical, ainda por cima.

Que saco esse negócio de Hollywood não achar que comédia seja arte e que mereça indicações. No ano passado alguns dos cômicos mais em evidência hoje, entre eles Will Farrel e Jack Black, fizeram um número na festa do Oscar fazendo esta mesma pergunta: porque a comédia é considerada obra de segunda classe? Daí o que acontece? Esses diretores “high profile” como Burton ou os irmãos Coen se jogam nesses projetos chatos e horrivelmente tristes.

Eu gostaria muito que Juno ganhasse o Oscar em todas as categorias que concorre: melhor filme, melhor roteiro original e melhor atriz, para a fofíssima e esperta Ellen Page . E desgraça por desgraça, entre os indicados infelizes eu fico com Desejo e Reparação, porque tem Keira, porque tem James MacEvoy e porque tem aquele travelling absurdo na praia e acaba com a maravilhosa Vanessa Redgrave.

E O Escafandro e a Borboleta, do mala do Julian Schnabel, também é outro filme lacrimoso, mas menos apelativo e nada violento. Concorre a melhor direção, melhor direção de fotografia e melhor roteiro adaptado. Sacanagem com o Mathieu Amalric (que já foi marido da Juliette Binoche), que não foi indicado ao Oscar. Ele atuou quase o filme todo com um olho só, difícil pra caramba. Mas acho que a desgraça do personagem que, aos 43 anos, ficou totalmente paralizado depois de um derrame, não foi suficiente para amolecer os corações dos votantes da Academia… Eles precisam de mais desgraça que isso… E mais sangue…

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