Mulheres ocidentais entram para ISIS e Al Qaeda iludidas por um estilo de vida aventureiro
Foi exibido no SXSW 2018 o filme Profile, do diretor russo radicado nos Estados Unidos, Timur Bekmambetov. Utilizando a mesma estética de um de seus filmes anteriores, Amizade Desfeita, Timur mostra a história verídica de uma jornalista francesa, Anna Erelle e sua investigação sobre recrutadores jihadistas na Europa. No filme, que teve sua estréia mundial no festival de Berlim em fevereiro, a jornalista é britânica e se chama Amy Whittaker. Todas as cenas são gravadas através de telas de computador. Os atores interagem através de programas como o Skype e redes sociais, exatamente como a jornalista Anna Erelle se relacionou com o recrutador jihadista.
Em Profile a jornalista freelancer Amy Whittaker cria um perfil falso de convertida muçulmana no Facebook para se colocar como isca de recrutadores jihadistas. Não demora muito e ela é procurada por Bilel, com quem ela desenvolve um relacionamento na internet. Em poucos dias de conversa Amy já recebe uma proposta de casamento e um convite para se mudar para a Síria. O problema é que Amy acaba se apaixonando pelo recrutador do Estado Islâmico, numa versão moderna da “síndrome de Estocolmo”.
O filme é baseado no “best seller” da francesa Anna Erelle, lançado no Brasil pela Companhia das Letras com o nome Na Pele de Uma Jihadista.
O thriller é muito bom, mantém a curiosidade até o final e a atuação do elenco britânico é sensacional. Realizado sem um diretor de fotografia o filme funciona bem com sua estética totalmente inspirada na vida online.
Principalmente na Europa, mulheres e meninas adolescentes tem se juntado ao Estado Islâmico, após serem seduzidas pelo apelo de grupos terroristas. Uma falsa ideia de empoderamento é um dos gatilhos desse sentimento que leva européias a se arriscarem na Síria e em outros lugares do Oriente Médio em guerra. Nos casos mais extremos algumas são transformadas em escravas sexuais. Outras casam-se e participam de relacionamento polígamos com jihadistas. Essas são as “noivas jihad”.
A radicalização dessas mulheres vem de um background de ignorância, revolta e pouca perspectiva de vida. A percepção ocidental é de que elas se sujeitam a esta narrativa após sofrerem lavagem cerebral. Na verdade, muitas dessas mulheres rejeitam o feminismo ocidental. O contato online com recrutadores gera um otimismo romântico e uma percepção ingênua de se engajar num estilo de vida novo, ilícito e aventureiro. A despeito do papel submisso das mulheres nesse universo, muitas das ocidentais que se juntam ao Estado Islâmico acreditam que a jihad seja uma fonte de empoderamento.
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