Lucros do evento que acontece em N.York em setembro vão amortizar dívidas de artistas
Em setembro um novo tipo de feira de arte toma conta de N.York. É a DebtFair, uma feira descentralizada que vai ocupar diversos espaços públicos e privados da cidade com venda de obras de artistas endividados.
Colecionadores de arte que estiverem interessados nas obras desses artistas não pagarão diretamente a eles o valor de suas obras. Esses valores serão revertidos em amortização da dívida dos artistas participantes. O endividamento deles ocorre principalmente devido a empréstimos para financiar seus estudos em faculdades.
Os artistas participantes também estão engajados no sentido de esclarecer à toda classe artística e às pessoas em geral a realidade econômica desses indivíduos. Enquanto Jeff Koons ou Damien Hirst ganham milhões com suas obras e seus licenciamentos, a maioria vive no limiar da pobreza. O endividamento combinado dos artistas participantes da DebtFair está em torno de 1 milhão de dólares.
A feira tem como proposta incentivar a solidariedade ao invés da competição entre os artistas, além de uma atitude de transparência sobre sua realidade econômica. O projeto pretende ainda engajar colecionadores na cadeia produtiva da arte combatendo a especulação.
A DebtFair é organizada por um grupo de artistas e por membros do Occupy Museums, movimento pela democratização da arte inspirado no Occupy Wall Street que tem como apoiadores gente como Lou Reed, Laurie Anderson e Philip Glass. Liderado por Noah Fischer, que só podia ser de São Francisco, o grupo já fez manifestações em grandes conglomerados culturais americanos como o Lincoln Center e o MoMA, insituição de arte novaiorquina que, segundo Fischer, é uma das mais elitizadas instituições norte-americanas. Membros da direção do museu estão no comitê da casa de leilões Sotheby’s.
O líder do Occupy Museums afirma que o sistema de endividamento capitalista lucra mais quando as pessoas ignoram seus empréstimos, pagam em muitas prestações ou atrasado. É necessário entender que toda atividade econômica, a cultura incluída, é basicamente coletiva e precisa ser horizontalizada, portanto a arte não pode mais ser luxo para poucos.
Debt Fair from Occupy Museums on Vimeo.