As pessoas me perguntam porque o Bits não é mais afiliado a um portal. Eu conheço bem o mecanismo e já tive parceria com dois grandes portais, o Terra e o IBest, portanto posso falar. Acontece que a parceria só fica interessante quando se tem uma chamada na capa e isso só acontece quando o parceiro manda para a redação do portal uma chamada que vá interessar aos milhares de usuários que acessam o portal. Isso quer dizer que a chamada tem de ser um furo de reportagem histórico, ou falar de alguma celebridade dessas bem populares ou então alguma coisa grosseira que choque bem o público. Em resumo: ou apela ou não vai para a capa, porque “furo histórico” em termos de cultura e entretenimento aqui no Brasil só se for cena de sexo com Ivete Sangalo… E apelar para o mau gosto, bem, realmente não me interessa.
Por conta dessa “lei da popularidade” na internet a gente tem de conviver com coisas horrorosas como a chamada na capa do UOL de segunda, 11 de junho: “Atriz famosa por sexo oral será estrela do SPFW”. Passei mal. Seria Paris Hilton que conseguiu sair da cadeia de novo? Sharon Stone? Ih não, Sharon é famosa por cruzar a perna sem calcinha… Mas que pobreza… A chamada na verdade foi pra dizer que Chloë Sevigny vem desfilar na SPFW e, definitivamente, ela não é famosa porque fez sexo oral num filme e sim por ser uma das atrizes mais estilosas da Hollywood atual e uma das rainhas do cinema independente americano, ao lado de Parker Posey. Sevigny vai desfilar para a Ellus na SPFW, fechando a programação de quinta na semana de moda paulista. A atriz vai fotografar a campanha da Ellus e, já que está no Brasil, vai aproveitar e desfilar na SPFW.
Chloë é uma escolha ótima para a imagem da Ellus. A atriz começou como modelo teen para a Sassy e logo se tornou estagiária na redação dessa revista e produtora de moda. O resultado? Acabou considerada a “it girl” da época, na primeira metade dos anos 90. Logo depois ganhou um dos papéis principais do cult Kids, que lhe rendeu uma indicação como melhor atriz coadjuvante no Independent Spirit Awards. Desde então Chloë tem escolhido seus papéis a dedo e tem participado somente de filmes respeitáveis de grandes estúdios, como Psicopata Americano, Party Monster, Dogville, Manderlay e Meninos Não Choram, o qual lhe rendeu indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar de coadjuvante. Filmes de estúdio, porém todos projetos arrojados. No cinema independente ela já fez vários papéis e sim, fez sexo oral, que foi com o ex-namorado Vincent Gallo no infame The Brown Bunny. Hoje Chloë está em uma das mais interessantes séries da HBO, Big Love, que teve sua primeira temporada exibida no Brasil em 2006. A série mostra o dia a dia de uma comunidade americana que pratica poligamia, bem no interior super conservador dos Estados Unidos. Nas telas brasileiras atualmente se pode ver Chloë Sevigny ao lado de Jake Gyllenhaal no filme Zodiaco.
A atriz sempre continuou ligada à moda. Foi consultora da grife novaiorquina Immitation of Christ e, vez por outra, desfila para grandes designers como Dolce&Gabanna. Presença constante nas grandes estréias e premiações de Hollywood, Chloë sempre mostra inovação em seus looks, o que para a mídia “middle America” não é facilmente assimilado. A atriz não se abate. New yorker convicta, Chloë vive a realidade do downtown novaiorquino onde imperam os arrojados.