
Entenda o papel do setor de compliance nesse tipo de conflito
Está borbulhando na internet uma notícia sobre um suposto desentendimento entre os atores Cauã Reymond e Bella Campos, respectivamente Cesar e Fátima da novela Vale Tudo. Segundo a coluna Veja Gente, da Revista Veja, o entrevero aconteceu no estacionamento dos Estúdios Globo, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
A novata Bella Campos foi escalada para o papel que foi vivido por Glória Pires em 1988. Na época Glória já tinha grande experiência na TV, pelo menos dez anos, e foi um dos grandes destaques da famosa novela de Gilberto Braga. Além da expectativa em torno de Bella Campos, que está fazendo sua terceira novela, há um verdadeiro culto a Vale Tudo que é considerada por muitos uma das melhores novelas brasileiras de todos os tempos, senão a melhor.
Por um lado Cauã Reymond reclama que Bella Campos não tem experiência e não tem se adaptado ao estilo de atuar do ator que insere muitos improvisos no texto. Bella segue à risca o roteiro e muitas vezes a cena acaba não funcionando e tem de ser regravada.
Por conta do ocorrido Bella Campos fez reclamações ao diretor da novela, Paulo Silvestrini e ao setor de compliance da Globo. Enquanto Cauã fica impaciente com a falta de experiência de Bella, a atriz alegou que Cauã se mostra debochado, mau colega, displicente, agressivo e machista.
O que se pode esperar do conflito, agora que o setor de compliance foi acionado?
O compliance corporativo e um departamento de compliance desempenham um papel crucial na garantia de que uma empresa opere em total conformidade com a lei, regulamentos, normas internas e procedimentos. Isso abrange desde o cumprimento da legislação vigente até as diretrizes internas estabelecidas, incluindo o bem-estar dos colaboradores.
Conflitos internos, quando analisados sob a perspectiva da gestão de pessoas e da conduta no ambiente de trabalho, estão intrinsecamente ligados aos programas de compliance corporativo. Um confronto público, marcado por acusações e desavenças, revela falhas na mediação de conflitos e na comunicação interna entre os membros da equipe.
Segundo o advogado Vinicios Cardozo, do escritório GMP| G&C Advogados Associados, espera-se que todas as empresas, incluindo emissoras de televisão e produtoras de conteúdo, observem rigorosamente as normas internas de convivência, sigilo, respeito mútuo e resolução de conflitos. Frequentemente, essas diretrizes são formalizadas por meio de códigos de ética ou códigos de conduta, que integram os robustos programas de compliance.
A repercussão pública da briga pode ser considerada um risco reputacional para a emissora ou para os atores, algo que também é objeto de atenção do compliance, especialmente o compliance reputacional e de comunicação. Empresas com programas sólidos tratariam preventivamente esse tipo de situação, tanto para evitar o vazamento, quanto para gerir a crise com postura institucional.
Cardozo ressalta ainda que temas como assédio moral, comunicação não violenta e inteligência emocional já integram a agenda de diversas empresas, e o setor artístico não deve ser exceção.
A ideia de que o compliance é algo restrito ao setor financeiro ou jurídico é equivocada. Ele é essencial em qualquer estrutura com relações humanas complexas. Onde há convivência profissional, deve haver integridade institucional.
Vinicios Cardozo, do escritório GMP| G&C Advogados Associados