Minissérie tem episódios semanais que mostram a história de monstros sagrados do cinema mundial
Um dos melhores seriados do streaming no momento se chama The Offer e está disponível na plataforma Paramount+. Com dez episódios, oito já lançados, a minissérie fala da verdadeira novela que foi a filmagem de O Poderoso Chefão. Baseada nas memórias do produtor Albert S.Ruddy, The Offer conta como foi todo o projeto da filmagem e produção do livro homônimo de Mario Puzo, um super best-seller sobre o crime organizado que se tornou um dos filmes mais cultuados da história do cinema.
O Poderoso Chefão é divisor de águas em dezenas de quesitos. É o filme que revelou Al Pacino e deu o segundo Oscar a Marlon Brando, com certeza dois dos mais adorados atores do cinema americano. É a produção que popularizou um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos, Francis Ford Coppola. E foi uma filmagem marcada por incontáveis contratempos e ameaças, sendo a principal a frágil posição financeira do estúdio Paramount na época, que acabava de tentar se reerguer com o sucesso Love Story, mas ainda não havia conseguido convencer os diretores da Gulf & Western, empresa sob a qual o estúdio estava alavancado.
A maior pressão do filme, no entanto, foi o envolvimento da máfia novaiorquina. A princípio a cúpula das maiores famílias não queria que O Poderoso Chefão fosse produzido pois achava que marcava a comunidade italiana como de bandidos. Até Frank Sinatra foi um dos que se intrometeu no sentido de tentar prejudicar o projeto do filme, ele que sempre teve a sombra da máfia em sua história e achava que um dos personagens do livro era baseado nele.
Em 1969 o escritor Mario Puzo vendeu os direitos de seu best-seller para a Paramount por 50 mil dólares. Ele também trabalhou no filme adaptando o roteiro baseado em seu próprio livro, em parceria com Francis Ford Coppola que já havia ganhado um Oscar de roteiro por Patton. A dupla, que repetiu a parceria nos dois filmes subsequentes da franquia, ganhou o Oscar de roteiro adaptado em 1972.
Até hoje calcula-se que a produção dos três filmes tenha gerado lucros de mais de 1 bilhão de dólares, 50 anos depois da produção do primeiro filme.
O Poderoso Chefão estreou em N.York em 14 de março de 1972 e nos Estados Unidos em 24 de março do mesmo ano. Foi o filme que mais arrecadou bilheteria nesse ano. Durante muito tempo foi o filme que mais lucrou em toda a indústria, algo entre 250 e 291 milhões de dólares só de bilheteria.
Miles Teller (Whiplash, Top Gun: Maverick) é um dos produtores executivos da minissérie e faz o papel principal, o de Albert S. Ruddy. O ator está muito bem no papel, o que salva a minissérie de algumas inconsistências.
O primeiro episódio é maçante e arrastado e perde também pela expectativa, já que é uma série sobre as filmagens de uma das mais aclamadas produções de cinema da história.
Giovanni Ribisi é destaque, ele faz o papel do mafioso Joe Colombo o qual, a princípio, tenta prejudicar as filmagens mas acaba se tornando um forte aliado.
Juno Temple confere densidade e carisma à trama no papel de Bettye McCartt, a assistente de Ruddy.
Matthew Goode faz um retrato muito bom de um dos maiores produtores de cinema de todos os tempos, Robert Evans. Ele foi um dos maiores trunfos dos estúdios Paramount nos anos 60 e 70 e tem no currículo obras primas como Chinatown e hits de bilheteria como Love Story.
Colin Hanks é Barry Lapidus, um executivo financeiro que sempre se coloca como obstáculo na produção. Ao lado do dono do estúdio, Charles Bluhdorn, interpretado por Burn Gorman, Lapidus vive ótimas disputas e momentos de tensão durante a minissérie.
The Offer vai crescendo a partir do terceiro episódio e se torna um ótimo seriado, além de ser muito relevante para quem é fã da franquia O Poderoso Chefão e para quem gosta das histórias dos bastidores da indústria cinematográfica.