Esta semana Belo Horizonte sedia pela quinta vez o Eletronika – Festival de Novas Tendências Musicais. De 5 a 8 de agosto na Casa do Conde de Santa Marinha e no Marista Hall o festival exibe programação de arte de vanguarda, envolvendo vídeo, música e debates. Seguindo a mesma filosofia do festival Sonar de Barcelona o Eletronika tem uma programação diurna e uma noturna com 74 atrações distribuidas em 33 shows ou live acts, 23 DJs, 8 VJs, 6 debates, 3 vídeos e 1 workshop. Na programação diurna o espaço é de reflexão e de vitrine da nova música brasileira. Já no espaço noturno a palavra é diversão com grandes DJs e produtores nacionais e internacionais. O intercâmbio de arte acontece também com os eventos Club Transmediale, de Berlim e Scopitone, da cidade francesa de Nantes. A expectativa é de uma audiência de 20 mil pessoas nos 4 dias do evento.
O Marista Hall vai receber a programação Eletronika Noite. Entre as atrações estrangeiras somente novos nomes que estão despontando nos palcos e pistas internacionais. Entre os nacionais tops como Marky, Patife (que vai tocar a 4 mãos com Robinho), B-Negão e Seletores de Frequência e Nego Moçambique. Apparat, nome do projeto do DJ e produtor alemão Sascha Ring, traz um som ambient, acompanhado de imagens. Uma música eletrônica bem relax, composta aleatoriamente, com acertos harmônicos mas também erros de cálculo na programação do som. Com certeza um artista que vai mostrar um trabalho bastante particular. O americano Disco D toca e produz electro house, e começou em 1998 com uma mistura conhecida como Ghetto Tech, uma combinação de electro de Detroit e technobass, com o house de Chicago. O DJ de bem comentada técnica nas mixagens e nos scratches, está na programação do Eletronika Noite, no sábado. O Gold Chains faz um rap bastante eletrônico e de cunho social, com muito senso de humor. De atitude punk o projeto de LaFata, ex-programador de computadores e Joshua Kit Clayton, é de São Francisco, Estados Unidos e faz parte da programação do Eletronika na sexta-feira.
A programação Laboratório Eletronika, que acontece na Casa do Conde de Santa Marinha, exibe novas tendências não só de música eletrônica, mas também bandas, coletivos e artistas que experimentam com pesquisa e novos procedimentos de produção musical. O encontro de música e imagem é outra característica desta programação onde os músicos apresentam-se em conjunto com produtores de imagem ao vivo. É uma boa oportunidade para conferir os recifenses do Mombojó e também do Re:combo, o FAQ de B.Horizonte ou os paulistas do Z’Afrika, que se apresentam com o coletivo visual Embolex. Na última os europeus do Pulse fazem uma apresentação que leva como tema a arquitetura de Niemeyer em B.Horizonte.
Eletronika BH é a programação que mostra a produção e a discotecagem local. DJs e produtores mineiros mostram seu trabalho na Casa do Conde de Santa Marinha a partir das 18 horas. Uma parceria com o projeto BHertz, dos produtores Walter Junior e Sérgio Scliar, que estão lançando também um CD, em parceria com a gravadora Sonhos & Sons de Marcus Viana. Vários artistas da coletânea estão presentes na programação. Na última noite, o hip hop belo-horizontino ganha espaço com a presença de quatro nomes: as bandas Julgamento e S.O.S. Periferia e os DJs Paulinho e Bené Ramalho.
O programa Arena Digital é o espaço de reflexão e debates do festival Eletronika. Os debates vão promover discussões sobre temas específicos como direitos autorais na era da internet, engajamento e intercâmbio. Para debater os direitos autorais na era da música e da distribuição eletrônica os convidados são Felippe Llerena, diretor artistico do portal i-Música, de downloads pagos, além de Carlos Eduardo Miranda, diretor do site Trama Virtual, que disponibiliza MP3 gratuitos. A discussão promete ser acirrada.
Para mostrar e discutir o diálogo entre imagem e música eletrônica foi criado o Fórum de Mídia Expandida e Mostra Vídeo, com mais debates sobre produção de música e imagem. No debate Autoria Remix vai se discutir a noção de autoria, questionada pelo procedimento do remix e da apropriação de informações. No debate Interatividade e Geração Espontânea vai se debater a forma e o conteúdo das obras de arte geradas e re-geradas. No debate Coletivos e Arte Colaborativa vai ser discutida a crescente tendência de produção, em que as ferramentas das mídias eletrônicas vêm proporcionando um constante fluxo de informação. Para arrematar um workshop de Edição Musical com os DJs Roger Moore e Daniel Soares, produtores musicais e de trilhas sonoras acontece durante os quatro dias do evento.
O Eletronika – Festival de Novas Tendências Musicais é organizado pela Sacode Produções e eventos, constituída pelos produtores culturais Jefferson Santos e Marcos Boffa e Aluizer Malab. A direção artística do evento ficou a cargo de Marcos Boffa e a seleção Eletronika BH, foi realizada por Jefferson Santos.