Edu Jordão, consultor de moda da mostra Brasil 40 Graus, conversa com o Bitsmag, com exclusividade
(Entrevista realizada em março de 2004)
Eduardo Jordão de Magalhães, paulista radicado em Londres desde 1996, é um dos nomes chave da mostra Brasil 40 Graus que invade a loja de departamentos inglesa Selfridges, em maio próximo. Eduardo vem trabalhando a moda brasileira no exterior desde quando se mudou para a Inglaterra. Hoje representa também marcas internacionais, dos Estados Unidos, do Japão e do próprio Reino Unido. Ele é sócio da interessante designer inglesa J.Maskrey, que tem loja em Notting Hill. Em breve Jordão abre seu novo espaço, em Margaret Street, bem no centro efervescente londrino.A mostra da Selfridges, Brasil 40 Graus, estréia dia 5 de maio e vai até o final do mês com muita moda brasileira em suas araras e muita cultura brasileira espalhada pela loja e pelos arredores. No dia 4 de maio a festa de inauguração vai se chamar Baile Funk – Brasil 40 Graus e vai ser uma noite de “brazilian beats”, energia e paixão onde o dress code exigido será: “dress and feel the heat”. Vai ser um mês de celebração do Brasil com elementos significativos da moda brasileira, da comida e da arte. Diariamente serão apresentados shows de música brasileira, numa parceria com a gravadora Trama.
Eduardo conversou por telefone com o Bitsmag, com exclusividade…
Bitsmag: E quem vai tocar na festa “Baile Funk”? Vai ter bandas, vai ter DJs?
Eduardo Jordão: Na festa vai ter alguns DJs que estão vindo do Brasil, do Rio de Janeiro, além de sambistas da velha guarda. Foi fechado um acordo com a gravadora Trama, trazendo vários artistas pra cá. Alguns DJs brasileiros radicados em Londres vão estar tocando, como a DJ carioca Lúcia Passos que tem uma noite bem bacana aqui chamada Brazilian Love Affair.
Estamos numa grande corrida agora pois estamos organizando os desfiles que vão acontecer dentro da loja durante esse mês. Finalmente a gente conseguiu fechar o patrocínio com companhias brasileiras que vão estar dando o suporte pra que isso possa acontecer direitinho.
Bitsmag: Vocês pegaram muita coisa daqui do Rio?
Eduardo Jordão: Pegamos alguma coisa, a maioria é de São Paulo.
Bitsmag: Que grifes vocês estão levando?
Eduardo Jordão: Do Rio de Janeiro estamos trazendo a Casa de Alessa, que eu acho fantástica, o Maxime Perelmuter, da British Colony, além da Blue Man, e da Lenny. De São Paulo vem Alexandre Herchcovitch, Reinaldo Lourenço, Ellus e os novos que eu acho que têm um trabalho bem bacana, e a gente conseguiu emplacar tipo a Neon, uma marca nova de São Paulo que tem um trabalho internacional e está bem madura, pronta pra estar sendo mostrada aqui.
Bitsmag: Todas essas grifes estarão sendo vendidas na loja?
Eduardo Jordão: Sim, durante o mês de maio inteiro.
Bitsmag: E depois continuam?
Eduardo Jordão: Algumas marcas a gente vai continuar. Tudo isso é um teste de mercado. O que estamos fazendo na verdade é um grande lançamento da moda brasileira em alto estilo. Daí as marcas que tiverem sucesso a gente vai continuar mas não precisa ser exclusivamente pra Selfridges. Eu acho que este projeto é muito importante e não vai morrer num evento de loja de departamentos, em um mês. Vai ser um “kick start”, uma bola de neve que começa a rolar agora, abrindo as portas para a moda brasileira na Europa. E realmente foi uma porta muito grande por ser numa loja como a Selfridges. É um projeto de 12 milhões de libras, o que é uma loucura.
Bitsmag: Hoje em dia a Selfridges é o que foi a Harods a 20 anos atrás, não é?
Eduardo Jordão: É o que foi a Harvey Nichols nos anos 90, o que foi a Harods até os anos 80. Hoje a Selfridges é a loja de departamentos mais contemporânea, eu acho. A que tem a linguagem mais bacana. A grande “trend setter” das lojas de departamento do mundo é a Selfridges.
Bitsmag: E como surgiu a idéia de levar a moda brasileira? Porque?
Eduardo Jordão: Todo mês de maio a Selfidges tem esse evento que faz uma homenagem a um país ou a um grande tema. Isso tudo também começou com uma grande vontade da gente estar trabalhando a moda brasileira. Eu trabalho a vários anos em Londres com grifes brasileiras e fui contratado por eles como consultor internacional de toda a parte de moda da mostra. Na verdade eu venho trabalhando as marcas brasileiras desde 1996, quando me mudei pra Londres e culminou com este trabalho para a Selfridges. Me sinto bastante recompensado até.
Bitsmag: E a Bia Lessa vai fazer a ambientação da loja?
Eduardo Jordão: A Bia Lessa vai fazer uma direção de arte na parte de cenografia. A Selfridges tem um grande departamento de visual merchandise, chama-se V&M que está sendo acionado para que os cenários da mostra Brasil 40 Graus sejam os mais realistas possíveis. As vitrines, as ambientações, etc. A Bia Lessa foi escolhida entre 3 ou 4 diretores de arte. Ela vai fazer a parte do mercado.