Os rótulos nem sempre são admitidos com orgulho: patricinha, clubber, playboy… Mas é fato que a cultura da música eletrônica aglutina, e por vezes descrimina, pessoas que se encaixam em estilos de comportamento diversos. A Revista da Folha, caderno especial que sai aos domingos no jornal Folha de São Paulo, fez na edição do dia 15/02/2004, uma bem humorada descrição da "nova patricinha" ou "patricinha pokemon" – citando as mudanças de comportamento que tem sofrido a menina que curte balada, mas está agora descobrindo a fundo a música eletrônica e a cultura dos DJs. O nome escolhido é "camilinha" que vem a ser a patricinha interiorizada, mais profunda, mais interessada.
A nova patricinha não quer saber de grifes estelares nem de ostentação. Curte e se interessa por música eletrônica e frequenta noites-fundamento, como a noite Freak Chick, das sextas do D-Edge, clube paulista que ao lado do Ampgalaxy, é templo das "camilinhas".
O maior ídolo das "camilinhas" é sem dúvida a personagem Carrie Bradshaw, interpretada por Sarah Jessica Parker no seriado Sex and the City, do Multishow (NET/Sky), que está em sua última temporada nos Estados Unidos e o último capítulo será exibido este domingo, 21 de fevereiro. A personagem, uma balzáquia solteira, tem uma coluna onde faz crônicas de sexo na cidade de N.York, num dos principais jornais da cidade. Sem dúvida Carrie é um exemplo da mulher solteira das grandes cidades do mundo, mas é necessário que nossas "camilinhas" brasileiras se dêm conta do caráter caricato da série. Entre os mandamentos apontados pela Revista da Folha está o uso de salto-alto com short, nem sempre algo elegante ou de ar "desencanado" como as "camilinhas" querem passar.
Perigo também no mandamento número 9: cuidado "camilinhas", house farofa nunca – house é tudo, mas porcaria não. E muito cuidado com o mandamento de número 5: salto-agulha com short JAMAIS – isso aí do Sex and the City só pode ser uma piada da Patricia Field e as “camilinhas” são muito novas e não sabem que a Sarah Jessica Parker era uma das atrizes mais bregas do segundo escalão de Hollywood, antes do seriado – não há stylist que possa mudar seu passado. E “camilinha” que se prese sabe que em N.York ninguém usa salto alto, principalmente de dia pra andar mais de 20 quadras.
O mandamento 10 é maravilhoso: camarote VIP no Garagem, no centrão do Rio – por exemplo!
Quanto ao mandamento 8: quem conhecer playboys evoluídos ou quiser se candidatar ao rótulo, envie currículo mais foto com performance na pista de dança para o email camilinha@bitsmag.com.br
E agora colegas, identifiquem-se com os 10 mandamentos das “camilinhas” segundo a Revista da Folha, com notas da redação do Bitsmag, a saber:
1. Questionar grifes e tendências: ela foge da marca Daslu, da danceteria Disco (de Ricardo Mansur, freqüentada por sua turma de milionários) e dos antigos amigos do pólo (nota do Bitsmag: só o Marcelo D2 pra comprar na Daslu e depois posar de “bad boy” – Disco em SP, Nova no Rio – fujam “camilinhas”, mesmo se os amigos DJs colocarem seus nomes na lista – amigo DJ quando arruma uma “gig” faz qq coisa pra encher pista).
2. Abrir os horizontes, transitar em vários grupos e sentir muito orgulho dessa experiência com a diversidade (nota do Bitsmag: de pagodeiro a garota de programa e piloto de moto-cross – vale tudo – “deixa a vida te levar, vida leva eu” — como já dizia o Zeca Pagodinho)
3. Achar que "cada um deve ser o que é" e que julgar pela aparência "não tem nada a ver"
4. Ter uma nova turma composta por webdesigners, publishers, fotógrafos, o povo da moda, os nada-a-ver-com-os-outros, enfim, "gente de atitude". A grande descoberta é o ambiente gay, uma espécie de alegoria da fase libertária. (nota do Bitsmag: o que seria de uma “camilinha” sem seus amigos gays???? – não existiria).
5. Misturar "peças" e parecer desencanada (moletom de plush com salto agulha, short com sapato alto), mas manter pelo menos um acessório de "peso": nem que seja um sapato Gucci velhérrimo. (nota do Bitsmag: misturar peças e parecer desencanada sim, mas tem limite – os exemplos são perigosérrimos)
6. Trocar a tatuagem de moranguinho (ou fazer a primeira) por uma mais emblemática, como o ideograma do signo no horóscopo chinês, ou uma estrelinha como a de Gisele Bündchen, no pulso, ou símbolos que representam prosperidade, felicidade etc.
7. Espelhar-se na personagem Carrie Bradshaw (Sarah Jessica-Parker), da sitcom norte-americana Sex and The City, que também combina short com "Manolo" (nota do Bitsmag: Carrie Bradshaw sim, Samantha Jones melhor ainda – mas short com salto agulha é o fim da picada…)
8. Dançar jogando os braços pra cima (estilo "hands in the air") e parecer feliz demais ao lado de clubbers ensimesmados, que estão ali pela "qualidade da música"; boa parte das vezes ela se faz acompanhar de um playboy "evoluído" que assobia alto quando o "house bomba"
9. Preferir o "house farofa", música eletrônica com embalagem pop e vocais que tornam possível cantar junto (nota do Bitsmag: house farofa nunca!)
10.Continuar procurando camarotes VIP ainda que a festa seja num galpão cavernoso. (nota do Bitsmag: afinal o que seria de uma “camilinha” sem um pouco de privacidade?).
E para se empenhar na excelência da "camilinha" só mesmo assistindo a todos os episódios de Sex and the City já à venda em DVD e em exibição no canal Multishow (NET/Sky). O seriado está na última temporada, a sexta, nos Estados Unidos e no Brasil nos últimos episódios da quinta temporada. Mas que ama a série não precisa se preocupar: já estão sendo filmados dois longas da série.
O que? Sex and the City
Onde? Canal Multishow (NET/Sky)
Quando? Segunda às 22h45min
Horários Alternativos: Terça às 21h15min, Sexta à 1h e Sábado às 21h30min.