VJ espanhol Carlos Casas pesquisa e sonoriza imagens de regiões remotas do mundo
Desde 2001, o documentarista, fotógrafo e artista visual espanhol Carlos Casas realiza trabalhos em algumas das mais remotas e inóspitas regiões do mundo. Nesses ambientes extremos, onde as dificuldades físicas e psicológicas são notáveis, Casas – na verdade, um antropólogo contemporâneo – busca entender a natureza humana e compreender a realidade através de diferentes visões. Já realizou experiências transculturais na Amazônia; com os solitários homens da Terra do Fogo, na Patagônia; com os últimos pescadores da antiga costa do Mar de Aral, no Uzbequistão; na longínqua região de Chukotka, na Sibéria; nas comunidades isoladas das gigantescas montanhas Pamir, na fronteira do Afeganistão com o Tadjiquistão; com os nomades do Kurdistão.
"Acredito que a humanidade se expressa da maneira mais pura possível nesses lugares e situações, o que me possibilita entender a natureza humana num sentido mais profundo. Faço uma pesquisa antropológica, de campo, realizada de maneira artística, usando várias mídias e juntando meu interesse por cinema, documentário e arte visual contemporânea."
Carlos Casas
No dia 15 de novembro o Multiplicidade apresentará "Tundra", espetáculo audiovisual apresentado este ano nos conceituados festivais internacionais Sónar, da Espanha e Netmage, da Itália, duas das maiores referências no que diz respeito a arte eletrônica. "Tundra" é a versão para festival – exibida em duas telas e acompanhada de música ao vivo – do documentário "Siberian Fieldworks", de 2006, parte final da "Trilogia do Fim", série de filmes de Casas dedicados aos lugares mais inóspitos da Terra. Com roteiro não-linear, "Tundra" acompanha o dia-a-dia dos pastores de renas de Chukotka, região localizada no extremo nordeste da Sibéria, ao lado do Estreito de Bering.
Os outros dois documentários são: "Aral: Fishing in an Invisible Sea)", eleito melhor documentário do Festival de Turim e menção especial no festival Documenta Madri – e "Solitude at the end of the word", rodado na Patagônia, documentário que recebeu o prêmio especial do júri no Festival de Cinema Independente de Buenos Aires, em 2006.
Carlos Casas, que em 2004 realizou um documentário sobre a nossa Rocinha, lançado na mostra Estética da Periferia, no centro cultural dos Correios, atualmente trabalha num filme sovre elefantes na fronteira da Índia com o Nepal.
A trilha sonora de "Tundra", que será tocada ao vivo no Multiplicidade pelo próprio Casas e pelo argentino Sebastian Escofet, é totalmente construída por sons e ruídos gravados na gélida tundra siberiana. É uma grande mistura de sons naturais (ambiências, frequências de rádio, vozes, vento) com sons gravados em ambientes fechados. Escofet, produtor e compositor de trilhas para cinema e teatro, processa esses sons ao vivo e utiliza efeitos. Já trabalhou com Kronos Quartet, Philip Glass, Gustavo Santaolalla (vencedor do Oscar por Babel e Brokeback Mountain) e Jorge Drexler.
Veja aqui a entrevista que o diretor/curador do Multiplicidade fez com a dupla logo após a sua apresentação no Sónar.
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Carlos Casas mostra suas imagens esta quinta no evento Multiplicidade no Rio – confira o Guia Bits para saber info e preços