Sixteen Billion Drum Kicks


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Foto: Cuca Pimentel

Um dos maiores nomes da electronica nacional, Renato Cohen lançou seu primeiro álbum autoral, Sixteen Billion Drum Kicks

Por: Antonio Kvalo & Gibran Teixeira – Blog Orelha

Após anos de bons serviços prestados à música eletrônica brasileira, um dos maiores nomes da cena, Renato Cohen, lançou em junho último seu primeiro álbum autoral. Neste trabalho, Cohen abraça a disco sem deixar o techno de lado e contribui para o que chamamos de fim das barreiras da música. Aqui no Orelha, sempre falamos que as tags hoje são bem mais abrangentes e os limites entre os estilos são cada vez mais fluidos. E isso é maravilhoso!

Sixteen Billion Drum Kicks flerta com vários sons, do jazz ao samba-rock: Mágica já começa num aroma “a-festa-vai-ser-boa”, tem vocal diva e elementos discotéque, introduzindo o disco e preparando para uma viagem à Discoland. Tíquetes na mão, sejam bem vindos a Cosmic Man, que tem no vocal a participação de Marku Ribas, monstro lendário do samba rock, com  60 anos de idade e 45 de carreira num vocal de 25! Se ele mesmo diz “subo o morro todo dia, não tenho medo da folia”, quem somos nós para temer? A faixa tem o teclado perfeito pra pista e traz um groove impecável. A voz de Ribas, grave e cheia de suingue, faz a gente mexer ombrinho e descer até o chão! E por isso mesmo que ele é o próprio homem cósmico, talvez nosso concierge. E não pára por aí…

A próxima faixa é Samba Who?¸ que traz participação de Igor Willcox e começa com som de natureza, um sambinha suave de fundo e baixo típico dos 70. Willcox, que é baterista e produtor musical, faz a coisa ficar mais orgânica sem deixar de ser sintética. A propósito, essas duas faixas contam com produção adicional de Technásia, projeto de Charles Siegling, que também é o dono do selo Sino pelo qual saiu Sixteen Billion…, e entrou na música eletrônica nos anos 90 com seu ex parceiro Amil Khan colocando a Ásia no circuito mundial do techno. Technasia colabora em mais 6 faixas disco afora, inclusive as duas seguintes, Ácida e Jaxx. Ácida é techno clássico, enquanto Jaxx mergulha na nu-disco, estilo que tem sido presença constante nas cases contemporâneas. Power, outro technão de raiz, faz a cama para mais uma disco de responsa, Street Dancer, que é das mais empolgantes do álbum, seguida por Shout, com sua bateria nervosa e gritinho garage.

Summer Rain é um capítulo à parte: conta com uma introdução genial! Primeiro por ter barulho de chuva de verão de verdade e segundo por dar uma pausa na discoteca. É bem dub e tem teclados fascinantes, até que, de repente, a coisa vira baile funk da melhor qualidade! Pra finalizar, um diálogo surreal de pornochanchada. O que é “o Pitanguy dos cabaços”?!. Simplesmente incrível!

Em sua versão de Corazón, Cohen leva Nego Moçambique pro techno, incrementando a mistura de sons; já Sunrise, com participação de Erik Escobar,  traz o gene Giorgio Moroder na veia. Com a ajuda luxuosa do New Samba Jazz e do trombone de Bocato, seu megahit Pontapé vira Pontapé Jazz, numa transcrição inspirada que resulta em um jazz mesmo, não deixando nada a dever a nenhuma produção da Blue Note ou da Verve. Este trabalho refinado demonstra a intenção do cara de não se limitar a nenhum rótulo. Assim, o disco se encerra em seu momento mais tech-house, com Cultura em Constante Movimento.

Em sua bela estreia repleta de referências, Renato Cohen marca sua posição de grande produtor de eletrônica do país, a um só tempo flertando com a brasilidade, o jazz e a disco, sem deixar de soar cosmopolita e atual. Vida longa à eletrônica nacional!

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O blog Orelha é um dos novos parceiros da Rede Bitsmag – Quando Antonio K.valo, Gibran Teixeira e Thiago Jatobá se encontram para falar de música!

 


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