Serial Clubber Killer


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Clássico cult da noite paulistana, está disponível na web – confira entrevista exclusiva com Duda Leite, diretor do filme

O diretor de TV e cinema Duda Leite acaba de publicar na web o cult Serial Clubber Killer, filme que foi vencedor do prêmio de Melhor Curta na segunda edição do festival Mix Brasil, em 1994. O filme também participou de festivais internacionais como o Festival Frameline de São Francisco e o Outfest de Los Angeles. Duda reuniu algumas figuras que eram peça chave na noite paulistana do início dos anos 90, como Kátia Miranda, Johnny Luxo e a banda Disk Putas, num vídeo que reúne referências a John Waters e os filmes B, com muito humor e a presença do multitarefa Marcos Morcerf que, na época, era dono da Fora de Moda, grife de roupas que marcou época em São Paulo.

Serial Clubber Killer é um dos poucos documentos em vídeo que existem sobre uma época efervescente da noite paulistana que gerou toda a vida noturna da cidade como conhecemos hoje. Algumas das figuras retratadas no filme continuam na noite como os DJs Johnny Luxo, Marcos Morcerf e Renato Cohen (na época baterista do Disk Putas), além de Nenê e Kátia Miranda, que continuam trabalhando como promoter e door, respectivamente. Imperdível! Veja o vídeo no final da matéria.

Confira abaixo uma entrevista com Duda Leite:

Bitsmag – Como surgiu a idéia de fazer o curta Serial Clubber Killer?

Duda Leite – Eu e o Marcão Morcerf estávamos no auge da nossa fase “clubber”, mas como já éramos meio do contra, e amávamos os filmes do John Waters com a Divine, achamos que seria engraçado fazer uma homenagem às avessas aos clubbers. Assim surgiu o Serial Clubber Killer. A risada malvada (e ótima!) do Marcão era uma homenagem a Tura Satana, a musa do filme Faster Pussycat, Kill Kill! do Russ Meyer. O filme acabou vencendo o prêmio de Melhor Curta no segundo festival Mix Brasil, e logo depois participou do Festival Frameline de São Franciso e do Outfest em Los Angeles.

Bitsmag – Quem escreveu o roteiro?

Duda Leite – O roteiro foi uma colaboração entre eu, o Marcão Morcerf, a Gigi Mathias (que co-dirigiu o filme comigo) e os integrantes da banda punk Disk Putas, que na época contava com a Dora Longo Bahia, a Priscila Animal e o Renato Cohen. Juntamos várias ideias, algumas delas inspiradas em filmes de terror cult, como She Devils on Wheels. A cena da Paulette Pink sendo decepada na Praça do Pôr do Sol, por exemplo, veio desse filme. No ano seguinte, o mesmo grupo de mentes criativas criou o filme Selma & Denise, que foi o primeiro curta estrelado pela Marcelona, mas essa é outra história.

Bitsmag – Fale um pouco sobre a trilha do filme.



Duda Leite – A trilha do filme tinha tudo o que a gente gostava e ouvia na época: Deee-Lite, Prince, KC and The Sunshine Band, Ru Paul, Primal Scream, entre outros. O Prince, apesar de termos usado uma música super desconhecida dele chamada Orgasm, tirou o áudio do filme do YouTube. Isso foi bem chato da parte dele, mas fiquei honrado de certa forma.



Bitsmag – Como foram escolhidas as personalidades da noite?


Duda Leite – Escolhemos as personalidades que na época estavam em maior evidência: Johnny Luxo, Kátia Miranda, Nenê, Sônia Ushiyama, etc… Eram as pessoas que ferviam na época. Claro que faltaram algumas. A Erika Palomino, que deu a maior força para o filme na época, aparece numa foto do crachá que o Johnny Luxo está usando na cena dele. Queríamos ter matado muito mais gente, mas não dava para ter todo mundo! Ia virar um longa!

Bitsmag – Alguns clubbers do filme continuam na vida noturna até hoje, como Johnny Luxo e Marcos Morcerf que se tornaram DJs, e Nenê que continua trabalhando até hoje como promoter. Conta pra gente o que andam fazendo os outros clubbers assassinados pelo Serial Clubber Killer.

Duda Leite – Bom, na verdade o filme foi meio profético: na época o Marcão era clubber e gostava muito de sair, mas ainda nem sonhava em ser DJ. Ele era o proprietário e estilista da marca Fora de Moda. Alguns anos depois foi que ele decidiu seguir a carreira de DJ, e se tornou um dos melhores da noite paulistana. Hoje em dia, no entanto, ele se “aposentou” da carreira de DJ, e está passando a maior parte do tempo na casa que ele construiu na paradisíaca praia de Morros do Camaragibe, em Alagoas. O Danilo Make Up (também conhecido como Danilo Mazzuca) continua fazendo make-ups incríveis para o cinema, inclusive fez o make do filme Os Famosos e os Duendes da Morte do Esmir Filho. A Sônia Ushiyama está fazendo figurinos incríveis para o cinema. A Kátia Miranda continua trabalhando na noite, mas não sei ao certo onde. A Paulette Pink, prá falar a verdade, não sei que fim levou. A banda Disk Putas terminou logo depois do filme. E a Cecí Mundinho (nome “de guerra” da Cecília Osório, uma amiga minha bem divertida) voltou a morar em Brasília, mas faz anos que não tenho mais contato com ela. Os poodles que o Serial Clubber Killer põe no porta-malas (eram 2 diferentes) devem ter morrido. E eu, continuo fazendo filmes. No momento estou trabalhando na versão longa-metragem do Tikimentary, meu documentário sobre a comunidade Tiki dos EUA, onde morei por sete anos.

Bitsmag –  Se você fosse fazer esse vídeo hoje, ou uma sequência, quem seria o 
assassino e quem seriam as vítimas?

Duda Leite – Puxa, o Serial… virou uma espécie de clássico cult, e acho que seria impossível fazer uma sequência hoje em dia, principalmente porque duvido que o Marcão topasse retornar ao papel que o tornou uma estrela! (Quem sabe se ele ler essa entrevista e ficar a fim, podemos pensar numa sequência…) Mas teria que ser em 3D! Prá falar a verdade, acho que a noite hoje em dia anda tão chata, que os clubbers devem estar é morrendo de tédio, e não precisam de ninguém para matá-los!

Confira abaixo Serial Clubber Killer, na íntegra:

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