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Xenofobia e intolerância religiosa no cerne do ataque à revista Charlie Hebdo

O mundo segue consternado com o ataque à queima roupa contra o jornal satírico francês Charlie Hebdo. Enquanto a polícia francesa empreende uma caçada aos suspeitos, aparentemente dois irmãos franceses, manifestações em favor da liberdade de expressão se multiplicam na França e em outras cidades do mundo, incluindo no Brasil.

Nenhum grupo terrorista assumiu o atentado e a imprensa no mundo árabe está condenando o ataque afirmando que a ação só servirá para aumentar a islamofobia ao redor do mundo.

Conversamos brevemente com Jorge Mortean, geógrafo e mestre em Estudos Regionais do Oriente Médio pela escola de Relações Internacionais do Ministério de Relações Exteriores do Irã. Pesquisador das relações diplomáticas entre a América Latina e o Oriente Médio e doutorando em Geografia Política, também pela USP, além de professor do curso de Relações Internacionais da FAAP, Jorge enviou por e-mail ao Bitsmag suas primeiras impressões sobre o ataque ao Charlie Hebdo:

“Primeiramente é preciso conceituar um ataque terrorista de acordo com estudos de relações internacionais. Um ataque ou ato terrorista é promovido sempre por uma organização social com finalidades políticas e objetivam alarmar Estados e governos com ações violentas ocorridas em repartições ou espaços públicos como teatros, cinemas, metrôs, estações ferroviárias, edifícios da administração pública, escolas, universidades, hospitais, etc. Portanto, o que se viu hoje em Paris se caracteriza como um massacre entre cidadãos franceses, culminado pela xenofobia e intolerância religiosa.

Na realidade cabe ao Estado francês decidir quais medidas tomar com esse massacre. Como o ataque não foi dirigido ao governo francês e tampouco representa ideologicamente toda a comunidade muçulmana francesa – muito pelo contrário – creio que não haverá demais represálias além daquelas já previstas pelo código penal francês.

Evidentemente que este fato tende a, de maneira infeliz, reforçar esta atual onda xenofóbica europeia, principalmente na França. Cabe então os governos europeus a investir em programas sociais que combatam à xenofobia e melhorem a integração de suas minorias às maiorias nacionais.”

 

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